A Realidade Máxima das Coisas
A REALIDADE MÁXIMA DAS COISAS
Nesta exposição, estão 10 mestres artistas e uma lenda.
Os mestres são Manabu Mabe, Tomie Ohtake, Yutaka Toyota, Megumi Yuasa, Tikashi Fukushima, Takashi Fukushima, Flavio Shiró, Tomoshige Kusuno, Jorge Mori, Kazuo Wakabayashi.
A lenda é Tsuguharu Foujita. Ou, como ele preferia na sua vida ocidental, Foujita. Nesse caso, também estamos diante de um mestre, mas a sua vida aventurosa, as suas viagens e a sua capacidade de adaptação estabelecem um sinal duplo, o do mestre artista, o do homem no mundo.
Esses artistas viveram uma extraordinária experiência. Foram formados numa cultura milenar onde o silêncio está presente e a linguagem é, ela própria, um novo ser no mundo. Nessa cultura, a arte não quer nos convencer de nada: ela pretende nos oferecer uma experiência perceptiva. Em regra, o fruidor percebe o momento que passa e é fugidio. O sinal de uma vida permanente, pois, em condições semelhantes, o acontecimento se repete e, finalmente, em si mesmo, o fruidor percebe como esse contato alargou a sua percepção do real. É o universo da expressão mínima.
E esses artistas entram em contato com a cultura solar, a vivência brasileira da plena luz. O mundo em que a criação é a expressão máxima. E, nesse contato com o Novo Mundo, em que o futuro está sempre presente, em que o tempo representa o sonho da liberdade, do prazer e da felicidade, esses mestres artistas elaboram, cada um à sua maneira, o diálogo visual com esse espaço no qual o tempo se prolonga ao infinito.
Shiró: o retrato do ser humano.
Megumi: a pedra que sonhou ser cosmo.
Wakabayashi: o Oriente e o Ocidente juntos.
Mabe: a natureza intima da matéria.
Tomoshige: a invenção da verdade.
Tikashi: o nascimento da pintura.
Mori: a pintura como perfeição.
Tomie: as superfícies ondulantes da arte.
Toyota: o encanto dos espaços invisíveis.
Takashi: a arte é o universo.
Foujita viajou até a França e foi personagem importante na Escola de Paris. Era um erudito e tratou o Ocidente com o requinte conceitual do Oriente. Viajante, esteve no Brasil, nos anos 1930/1931, e foi amigo de Candido Portinari, Emiliano Di Cavalcanti e Ismael Nery. Pintou, fez exposição e nos deixou, entre outras, pinturas do casal Portinari e forte retrato do poeta Manuel Bandeira. Foujita é um artista requintado e um símbolo, pois o seu percurso é o do errante, do artista transplantado, do inovador, do viajante. Sempre a sua presença é o enigma do viajante, do homem no mundo.
Jacob Klintowitz, curador