Willys de Castro

Willys de Castro - Sem Título

Sem Título

nanquim sobre papel
3 x 4,5 cm
Willys de Castro - Sem Título

Sem Título

guache sobre papel
10,5 x 10,5 cm
assinatura no verso
Willys de Castro - Sem Título

Sem Título

guache sobre papel
9,5 x 10,5 cm
assinatura inf. dir.
Willys de Castro - Sem Título

Sem Título

guache sobre papel
10,5 x 10,5 cm
assinatura no verso
Willys de Castro - Estudo para pintura

Estudo para pintura

guache e grafite sobre papel
c. 1950
22 x 21 cm
Willys de Castro - Estudo para Logotipo NT

Estudo para Logotipo NT

guache sobre papel
38 x 40 cm
Willys de Castro - Objeto Ativo

Objeto Ativo

litografia sobre papel schoeller dobrado
27 x 27 x 3 cm
assinatura no verso
Willys de Castro - Pluriobjeto A6

Pluriobjeto A6

acrílica sobre madeira de cedro polida
100 x 7 x 7 cm
assinatura na peça
Inscrição no verso: "Obra do Willys de Castro autenticada por Hércules Barsotti."
Exemplar nº 1/10.
Willys de Castro - Pluriobjeto

Pluriobjeto

latão e cobre
1988
100 x 12,5 x 7 cm
assinatura no verso
Exemplar nº 5/10.
Livro: CONDURU. Roberto. "Willys de Castro". São Paulo: Cosacnaify, 2005. p. 235.
Participou da exposição: "Abstrações utópicas", curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto. Galeria Danielian, São Paulo, 2024.
Willys de Castro - Maquete para a série - Pluriobjeto A6

Maquete para a série - Pluriobjeto A6

acrílica sobre madeira de cedro polida
1988
62 x 4,5 x 4,5 cm
assinatura no verso
Willys de Castro - Objeto Ativo

Objeto Ativo

litografia sobre papel schoeller dobrado
27 x 27 cm
assinatura no verso
Willys de Castro - Sem Título

Sem Título

guache sobre papel
33 x 48 cm
Willys de Castro - Estudo para Pintura

Estudo para Pintura

guache sobre papel quadriculado
c.1959
11 x 11 cm
assinatura no verso
Participou da exposição "Willys de Castro", na Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2012.
Willys de Castro - Estudo para Planos interpostos

Estudo para Planos interpostos

guache sobre papel
1959
31,5 x 21,5 cm
assinatura inf. esq.
Participou da Exposição "Willys de Castro", na Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2012. Reproduzido no livro da mostra, à p. 183.
Willys de Castro - Estudo para o Cartaz da 5ª Bienal de SP

Estudo para o Cartaz da 5ª Bienal de SP

guache sobre papel quadriculado
1959
66 x 71 cm
Willys de Castro - Estudo para composição VI: distribuição rítimica sobre um sistema modulado

Estudo para composição VI: distribuição rítimica sobre um sistema modulado

guache sobre papel
1953
20,5 x 24,5 cm
Participou da exposição "Willys de Castro", Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2012. p. 22.

Willys de Castro

Pintor, gravador, desenhista, cenógrafo, figurinista, artista gráfico. Uberlândia, 1926 - São Paulo, 1988.

Objeto Ativo, obra tridimensional
Objeto Ativo, obra tridimensional ; ostcsm, 138x2x11, 1960.

Willys de Castro foi um artista plástico brasileiro ligado aos movimentos Concreto e Neo-Concreto, que trabalhou com pintura, gravação, desenho, cenografia, figurinos e trabalhos gráficos, apresentando junto à diversidade de sua obra as relações entre forma, cor, espaço e tempo. Através delas abraçou a releitura da linguagem visual de Mondrian e Malevich - suprematismo, abstração geométrica, monocromia e movimentos espaciais[1] - da vanguarda russa, dos artistas do "Stijl" holandês, posteriormente aprofundadas em certas direções por Max Bill - expoente máximo da Escola Suíça - e o grupo de Ulm[2].

1941: Em São Paulo estudou desenho com André Fort. Durante o período 1944-1949 trabalhou como desenhista técnico e formou-se em Química.  

1950: Inicia estágio em artes gráficas e realiza suas primeiras pinturas e desenhos abstrato-geométricos ovvero,  pesquisas geométricas de rigor matemático aliada à simplificação da forma[3], fato que o provoca a executar obras de cunho construtivista (em 1953 ca.) que o aproxima aos relevos tridimensionais de Vladimir Tatlin (1885-1953), cuja expressão artística seria perseguida, anos mais tarde, pelo realismo socialista implantado por Josef Stalin. Outros elos importantes: (1) Wasilli Kandinsky (1866-1914) em 1911, na Alemanha (2) o De Stijl, criado em 1917, que reúne Piet Mondrian (1872-1944), Theo van Doesburg (1883-1931) ao redor das pesquisas abstratas e (3) o suprematismo, fundado em 1915 por Kazimir Malevich (1878-1935), também na Rússia.

Claro está que o entendimento da produção artística de Wyllis passa pelo entendimento dos movimentos relativos ao suprematismo, neo-plasticismo - pintura geométrica abstrata composta por linhas negras horizontais e verticais em fundo branco co-participantes de blocos coloridos com cores primárias &lsquovermelha, azul e amarela&rsquo, típicas de Piet Mondriam (1872-1944) - construtivismo, concretismo, liderado em são Paulo nos anos 1950, por Waldemar Cordeiro[4] implicava numa forma abstrata de arte sem nenhuma representação ou conteúdo simbólico que o próprio trabalho em si poderíamos dizer:

"O contexto desenvolvimentista de crença na indústria e no progresso dá o tom da época em que os adeptos da arte concreta no Brasil vão se movimentar. O programa concreto parte de uma aproximação entre trabalho artístico e industrial. Da arte é afastada qualquer conotação lírica ou simbólica. O quadro, construído exclusivamente com elementos plásticos - planos e cores -, não tem outra significação senão ele próprio".

O movimento desdobrou-se, no Brasil, pelo "neo-concretismo" carioca, a partir de 1959 leia-se:

"Contra as ortodoxias construtivas e o dogmatismo geométrico, os neoconcretos defendem a liberdade de experimentação, o retorno às intenções expressivas e o resgate da subjetividade[5]."

1960's: Em sua obra destacam-se historicamente os "objetos ativos", realizados no período unindo a cor da pintura ao relevo da escultura. Em geral são obras pintadas sobre tela e coladas sobre madeira, exibindo pintura geométrica em três de suas quatro arestas, prendendo-se a quarta aresta à parede, de maneira que o espectador não consegue abranger num único olhar a extensão do trabalho[6].

1954: ...funda com Hércules Barsotti (1914-2010) um estúdio de projetos gráficos e participa do movimento Ars Nova, realizando poemas concreto-visuais apresentados no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC. É co-fundador da revista Teatro Brasileiro, em 1955. Faz cenários, figurinos e peças para o Teatro de Arena e o Teatro Cultura Artística. Em 1957, recebe prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais e trabalha como conselheiro-técnico da revista Vértice.

Em 1958, viaja a estudo para a Europa e, no ano seguinte, ao voltar une-se ao Grupo Neoconcreto do Rio de Janeiro, ao lado de Hércules Barsotti, Ferreira Gullar (1930-...), Franz Weissmann (1911-2005), Lygia Clark (1920-1988), entre outros.

1960: Entre 1959 e 1962, realiza a série Objetos Ativos, trabalhos que exploram o plano e o volume como elementos plásticos, questionando a utilização da tela enquanto suporte da linguagem pictórica.

É co-fundador e membro da Associação Brasileira de Desenho Industrial - ABDI e do Grupo Novas Tendências. De 1966 a 1967, projeta estampas para tecidos voltados a produção industrial.

Na década de 1980, inicia pesquisa de construções em madeira, metal, inox e outros materiais, com efeitos de cor e movimento, os Pluri-objetos.

Na "Exposição Willys de Castro", com curadoria da historiadora Regina Teixeira de Barros[7] apresentada em 2012, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, percebe-se as grandes grupos temáticos a saber: "Anjos" (1955),  "Soma entre planos" e "Objetos ativos[8]" (1959 - 1962), "Pluriobjetos" (1988) e Projetos gráficos.

Apesar da liderança dura e inflexível de Waldemar Cordeiro, os concretistas guiavam-se por caminhos distintos entre eles: Fiaminghi, Saciloto, Noguerira Lima, Cordeiro, Lothar Charoux e o próprio Wyllis sem esquecermos os cariocas Amílcar de Castro, Weissmann, Palatnik, Carvão, Lygia Pape, Oiticica entre outros.

Florilégio

Willys de Castro realizou suas primeiras pinturas no fim da década de 1940 e, a partir de 1950, trabalha com abstração geométrica. Em 1954, funda com o artista Hércules Barsotti (1914) o Estúdio de Projetos Gráficos, no qual trabalha até 1964. Dedica-se à programação visual e a projetos de padronagens para tecidos. Nas décadas de 1950 e 1960 trabalha também na confecção de cenários e figurinos para teatro. A produção do artista, na segunda metade da década de 1950, relaciona-se à dos artistas do movimento concreto. Denomina suas obras simplesmente de Pinturas, numerando-as ou indicando tratar-se de segunda ou terceira versão. Trabalha com um número deliberadamente restrito de questões: equilíbrio, tensionamento e instabilidade.

A obra Desintegração 5 (s.d.) apresenta uma estrutura formada por triângulos coloridos, distribuídos em um eixo central-diagonal, que tende a girar sobre si mesmo. Esses triângulos estão unidos uns aos outros apenas por um dos vértices. A composição sugere um equilíbrio prestes a romper-se e é estabilizada pelos triângulos que se formam nos vazios entre os triângulos coloridos. Assim, convivem nessa obra simetria e assimetria e elementos reais e invisíveis. Em Pintura 172 (s.d.), o artista apresenta a metáfora do eclipse, explorando a passagem de uma forma circular sobre outra. Já no outro quadro Pintura (1958) Willys lida com a relação de contigüidade e distanciamento: como em um jogo de bilhar, as esferas se tocam e impulsionam umas às outras. Nessas obras, trabalha com elementos e questões comuns ao movimento concreto: cores puras, formas geométricas, efeitos óticos e cinéticos e proximidade com o design gráfico. A estrutura básica do quadro não é rompida, como acontece em obras realizadas posteriormente.

A partir de 1959, cria os Objetos Ativos, suas obras mais conhecidas, constituídos por peças de madeira retangulares - perfis ou réguas de madeira - recobertas de telas, com três superfícies pintadas de maneira abstrato-geométrica. Esses objetos são fixados à parede por um dos lados. A pintura apresentada no plano frontal demonstra, assim, uma continuidade nos planos laterais. O espectador deve movimentar-se e seu olhar precisa percorrer as superfícies para observar o objeto em sua totalidade. A obra parece flutuar no espaço e é criada no momento de sua percepção. O artista trata de questões relacionadas ao conflito entre superfície bidimensional e espaço real. Sua proposta é questionar a utilização da tela como suporte da linguagem pictórica e, dessa forma, aproxima-se da mesma vertente a que pertencem os trabalhos neoconcretos de Lygia Clark (1920 - 1988) e de Hélio Oiticica (1937 - 1980).

Depois de quase duas décadas sem expor, em meados de 1970 e com base em pesquisas iniciadas com os Objetos Ativos, Willys realiza os Pluriobjetos, esculturas de metal ou madeira que resultam de operações semelhantes às dos Objetos Ativos: o deslocamento de uma porção ou elemento que reordena o todo. Dialoga assim com outras experimentações tridimensionais de artistas como Amilcar de Castro (1920 - 2002) e Franz Weissmann (1911 - 2005). Em Pluriobjeto A6 (1988), por exemplo, trabalha com uma estrutura de madeira vertical, na qual explora, através de um deslocamento, a tensão estabilidade/instabilidade, conferindo a esta, entretanto, grande leveza. Nos Pluriobjetos, como nos Objetos Ativos, a obra nunca se completa, porque não existe ponto ideal de observação e o sujeito deve questioná-la de diversos ângulos de visão.

Willys de Castro explora sutilíssimas relações entre forma, cor, espaço e tempo. É um dos mais notáveis participantes do movimento neoconcreto e destaca-se por pesquisas que o levaram a ser um dos pioneiros a romper com a utilização da superfície bidimensional da tela como suporte para a linguagem pictórica. Os Objetos Ativos, para o crítico de arte Frederico Morais, são a sua maior contribuição à arte construtiva brasileira.

Críticas

"Independentemente de sua reduzida produção nos últimos anos - mais concentrado que está na programação visual ou nos projetos de padronagens para tecidos -, Willys de Castro criou, no início da década de 60, quando participante do movimento neoconcreto, uma série de trabalhos por ele próprio denominada de objetos ativos, cuja importância não deixou de acrescentar-se de novos aspectos na atualidade. Tal como nos desenhos e pinturas de Barsotti - mas já dispondo então de toda uma vivacidade cromática, lúdica e lírica, além de se colocarem claramente no caminho de superação do plano pelo espaço -, esses objetos propunham mais uma vez a velha questão do melhor ponto de encontro do virtual com o real. Eram peças de madeira, na espessura de tábuas, geometricamente tratadas pela pintura em três das suas quatro superfícies com a quarta superfície ficavam presas à parede, de modo que o espectador podia realizar um percurso de visão de 180 graus, jamais conseguindo, no entanto, dispor a um só momento de toda a percepção de cada uma dessas peças. Ferreira Gullar, ao referi-las, nelas discerniu uma tentativa de eliminação da ´superfície básica da pintura, reduzindo o plano frontal da obra ao fio da superfície, à sua espessura. A cor que ocupa de alto a baixo esse exíguo plano rompe-se de repente em determinado ponto e o fragmento de cor, que falta ali, desliza para o plano lateral, indicando uma continuidade da superfície fora do plano. O problema colocado nessas obras é interessante e novo, porque repõe noutros termos o conflito entre a superfície bidimensional e o espaço de profundidade real: o tempo - o movimento do espectador - recupera a bidimensionalidade do espaço tridimensional´. Hoje, nos poucos novos objetos produzidos, Willys de Castro na verdade tem procurado aperfeiçoar aquela antiga pesquisa, inclusive, episodicamente, no campo do múltiplo, para dela extrair toda a riqueza de possibilidades implícitas".
Roberto Pontual
PONTUAL, Roberto. Arte/ Brasil/ hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973. p.393.

"(...) Menos do que promover sínteses e acrescentar coisas ao mundo, Willys de Castro parece determinado em dissecar os milagres da razão, descer às várias e complexas dimensões, às várias e complexas articulações que produzem uma coisa, toda e qualquer coisa. Por isto, desde os objetos ativos de 1959, a estratégia sempre foi menos criar objetos do que evidenciar o caráter problemático do objeto, mostrar por assim dizer a sua situação, apontar para a sua natureza. No limite, investigar as condições de seu aparecimento. E se o problema do aparecer remonta, com toda a certeza, à mais pura tradição da metafísica grega, recebe aqui uma resposta decididamente moderna - trata-se de interpretar a percepção como uma certa modalidade de fazer lógico. Claro, a arte não repete, não deve repetir simplesmente as formulações da ciência. Basta lembrar a dissensão do artista frente ao mecanismo concretista. A dimensão estética faz muito mais: repõe o indivíduo no conturbado e estranho mundo atual ao levá-lo a fazer a experiência sensível do Real como o compreende e erige a ciência moderna. À maneira de Josef Albers, por exemplo, Willys de Castro vê a arte como um esforço de estruturação do real paralelo ao da ciência e indissociável dela. Se alguém argumentar que haveria, assim, algo de ciência nesta arte, talvez sejamos obrigados a concordar. Para logo acrescentar que, em última instância, também haveria algo de arte na ciência".
Ronaldo Brito
MODERNIDADE: arte brasileira do século XX. Paris: Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, 1988.

"Willys de Castro e Hércules Barsotti são dois artistas de São Paulo que, dissentindo da liderança de Waldemar Cordeiro, aproximaram-se do grupo carioca e participaram das mostras neoconcretas. Como pintores, tanto um quanto outro utilizavam-se de um vocabulário econômico derivado das experiências concretistas. Willys de Castro, porém, questionava a utilização da tela como suporte da linguagem pictórica e foi isso que o levou a criar os 'objetos-ativos' (...). Os 'objetos ativos' de Willys de Castro derivam da mesma vertente inventiva a que pertencem outras obras neoconcretas, especialmente os 'relevos' de Oiticica e algumas 'superfícies moduladas' de Lygia. São afins mas diversos, ou seja, uma resposta diferente à mesma questão geradora de todas essas respostas: o quadro (ou tela) como objeto da pintura. Do mesmo modo que o abandono do acabamento (fini) na pintura impressionista apontou para a autonomia da linguagem pictórica e, nesse curso, para a pintura abstrata, a eliminação do objeto-tema conduziu a ruptura com a superfície bidimensional da tela. Willys, por assim dizer, a posiciona perpendicularmente à parede e nos mostra o seu fio, sua espessura, e pinta nela: realiza uma microcomposição que, por se estender à face lateral da 'tela', sublinha-lhe a tridimensionalidade".
Ferreira Gullar
AMARAL, Aracy (coord.). Arte construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner. São Paulo: DBA, 1998. p.178 a 181.

"À primeira vista, os primeiros trabalhos concretos de Willys de Castro são similares às obras dos membros do Ruptura. Valem-se da 'grade' que subsidia o arranjo dos elementos plásticos com fórmulas matemáticas e procuram uma imagem anônima. Entretanto, de imediato, o uso da cor distingue suas obras da produção do grupo. Um dos poucos talentos colorísticos do concretismo brasileiro, entendendo forma e cor de modo indissociável - forma-cor -, o artista indiferente ao dogma cromático de Waldemar Cordeiro e seus companheiros: a prescrição das cores primárias e complementares, a proibição do tonalismo e a dicotomia entre forma e cor com a submissão da segunda à primeira - regras simples mas restritivas, propondo a cor como conceito. (...) As experiências de Willys de Castro no concretismo, visando renovar o plano pictórico e a geometria euclidiana, respectivamente, como estrutura plástica e autônoma e linguagem visual emancipada, se desenvolveram em três vertentes de investigação: o exame da espacialidade característica da tela de cavalete, o estudo das possibilidades semânticas do léxico visual geométrico e a integração das pesquisas plásticas e informacionais em um só veio de experimentação. A conquista de um suporte avesso a manobras ilusionistas e de uma linguagem formal livre da obrigação de figurar as coisas do mundo foram etapas fundamentais no processo de autoconsciência da Pintura e na aquisição pelo pintor de meios plásticos-informacionais auto-presentativos e autônomos".
Roberto Conduru
CONDURU, Roberto. Willys de Castro: o belo na ordem do dia. 1998. 104 p., il. p&b. Mestrado - , Rio de Janeiro, 1998, p. 16-18.

"O esforço de Willys de Castro foi sempre no sentido de realizar uma obra auto-referente, atraindo a atenção do espectador para aquilo que acontece no espaço restrito da obra. Como escreveu o artista: 'Contendo eventos de seu próprio tempo - iniciados, transcorridos, findados e reiniciados - e ali demonstrados clara, fluente e indefinidamente, o Objeto-Ativo inaugura-se no mundo como instrumento de contar a si próprio'. Nele não há mais oposição entre frente e verso, direito e avesso, dentro e fora, centro e periferia, entre o real e o virtual, e, no limite, entre o espectador e a obra. Esta, como que flutua num espaço que ainda não tem nome, pois está sendo criado no momento da percepção. No Objeto-Ativo, como nos seus Pluriobjetos, dos anos 80, o espaço não é unifocal e perspectivista, mas aberto, envolvente, fenomenológico. O olhar do espectador, ativado, precisa estar atendo a tudo que ocorre na tela, relevo ou objeto, ligando o que sobra com o que falta, suprindo vazio com cheio, completando o que está incompleto, indo e vindo, em trajetórias elípticas. O tempo como matéria-prima. Não o tempo da máquina, pendular e repetitivo, mas o tempo orgânico, do corpo, que é sempre imprevisível".
Frederico Morais
TRIDIMENSIONALIDADE: arte brasileira do século XX. 2. ed. São Paulo: Itaú Cultural : Cosac & Naify, 1999. p. 232.

"Enquanto o esgotamento das potencialidades reais e virtuais do plano leva Clark e Oiticica ao abandono definitivo da pintura, Hércules Barsotti jamais deixa de pintar, enquanto Willys de Castro se detém por muito tempo numa zona limítrofe entre o quadro e o objeto. Conhecedor das questões inerentes à pintura, dedica-se como faria um agente duplo a explorar minuciosamente os vários lados do problema. Ciente de que um acontecimento visual mesmo restrito ao plano nunca se esgota numa única leitura, usa de interferências mínimas para induzir o olhar a percorrer a superfície de uma borda a outra, percebendo falhas e deslizamentos, para assim remontar gestalticamente a composição. Através de pequenas aberturas e amplos vazamentos, sugere a continuidade da pintura para além do retângulo do quadro. O transbordamento da tinta para a lateral do suporte e daí para seu verso, um giro de 180 graus, força e resgate da espessura, dada essencial ao volume: na lâmina perpendicular à parede, o que no quadro era lado passa a ser frente e verso desaparece. A ênfase na frontalidade do que na origem foi perfil acaba por reduzir o objeto a um sarrafo onde interferem pequenos recortes e deslocamentos. A pintura enfim desocupa o exíguo espaço e, contra a parede, restam feixes de madeira ou tiras de metal. Passo a passo, através de ações discretas e conseqüentes, Willys de Castro forma seu pensamento plástico, o que equipara sua obra, metodologicamente, a um trabalho de investigação".
Maria Alice Milliet
MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte moderna. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000. p.54.

Acervos

Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - SP
Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo - SP
Gabinete de Arte Raquel Arnaud - São Paulo SP

Exposições Individuais

1959 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte das Folhas
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1962 - São Paulo SP - Individual, na Petite Galerie
1983 - São Paulo SP - Individual, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

Exposições Coletivas

1953 - São Paulo SP - Salão de Agosto, na Casa do Povo
1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1957 - São Paulo SP - 4ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - Prêmio Governador do Estado
1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1959 - Assunção (Paraguai) - Obras del Museo de Arte Moderno de San Pablo, no Salon Carlos Antonio Lopes
1959 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Arte Neoconcreta, no MAM/RJ
1959 - Rio de Janeiro RJ - Livro-Poema, no Jornal do Brasil
1959 - Salvador BA - 1ª Exposição de Arte Neoconcreta, na Galeria Belvedere da Sé
1960 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Exposição de Arte Neoconcreta, no Ministério da Educação e Cultura
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1960 - Zurique (Suíça) - Konkrete Kunst, no Helmhaus
1961 - Paris (França) - 2ª Bienal dos Jovens, no Musée d´Art Moderne de La Ville de Paris
1961 - São Paulo SP - 3ª Exposição de Arte Neoconcreta, no MAM/SP
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1963 - Kobe (Japão) - International Society of Plastic Art, na Daimaru's Exhibition Hall
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1965 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today, no Royal Academy of Arts
1966 - Bonn (Alemanha) - Brasilianische Kunst Heute, no Beethovenhalle
1967 - São Paulo SP - Exposição de Gravuras, na Galeria Arte
1969 - São Paulo SP - Gravuras Originais, na Galeria Astréia
1970 - São Paulo SP - Mostra Inaugural, na Galeria Astréia
1971 - São Paulo SP - Retrospectiva da Moda Brasileira, no Masp
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1973 - Bruxelas (Bélgica) - Imagem do Brasil, no Manhattan Center
1975 - Rio de Janeiro RJ - A Comunicação segundo os Artistas Plásticos, na Rede Globo - itinerante
1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ
1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado
1982 - Rio de Janeiro RJ - Contemporaneidade: homenagem a Mário Pedrosa, no MAM/RJ
1983 - São Paulo SP - Imaginar o Presente, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud
1984 - Rio de Janeiro RJ - Neoconcretismo 1959-1961, na Galeria de Arte Banerj
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - Encontros, na Petite Galerie
1985 - São Paulo SP - Destaques da Arte Contemporânea Brasileira, no MAM/SP
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de La Ville de Paris
1987 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, na Fundação Nacional de Arte. Centro de Artes
1987 - São Paulo SP - 19ª Bienal Internacional de São Paulo - Em Busca da Essência - elementos de redução na arte brasileira, na Fundação Bienal
1987 - São Paulo SP - 1ª Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, no MAB/Faap

Exposições Póstumas

1988 - São Paulo SP - Aventuras da Ordem, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud
1988 - São Paulo SP - MAC 25 Anos: aquisições e doações recentes, no MAC/USP
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1989 - São Paulo SP - 10 Escultores, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud
1990 - São Paulo SP - Coerência - Transformação, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud
1991 - São Paulo SP - Construtivismo: arte cartaz 40/50/60, no MAC/USP
1992 - Curitiba PR - 10ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba/Mostra América, no Museu da Gravura
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - São Paulo SP - Masp no Morumbi Shopping, no Shopping Morumbi
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1994 - São Paulo SP - Willys de Castro: obras de 1954-1961, no Escritório de Arte Sylvio Nery da Fonseca
1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo do MAC/USP: construção, medida e proporção, no CCBB
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - O Mundo de Mario Schenberg, na Casa das Rosas
1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul
1997 - Porto Alegre RS - Vertente Construtiva e Design, no Espaço Cultural ULBRA
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Itaú Galeria
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/SP
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/RJ
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo - Metamorfose do Consumo, no Itaú Cultural
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Rio de Janeiro RJ - Mira Schendel, Sérgio de Camargo e Willys de Castro, no CCBB
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Contemporânea, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Escultura Brasileira: da Pinacoteca ao Jardim da Luz, na Pinacoteca do Estado
2000 - São Paulo SP - Os Anjos Estão de Volta, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Individual, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arquipélagos: o universo plural do MAM, no MAM/RJ
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - Genealogia do Espaço, na Galeria do Parque das Ruínas
2002 - Rio de Janeiro RJ - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Collección Cisneros, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - O Plano como Estrutura da Forma, no Espaço MAM - Villa-Lobos
2002 - São Paulo SP - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Colección Cisneros, no MAM/SP
2003 - Belo Horizonte MG - Geométricos, na Léo-Bahia Arte Contemporânea
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, CCBB
2003 - Campos dos Goytacazes RJ - Poema Planar-Espacial, no Sesc
2003 - Cidade do México (México) - Cuasi Corpus: arte concreto y neoconcreto de Brasil: una seléccion del acervo del Museo de Arte Moderna de São Paulo y la Coléccion Adolpho Leirner, no Museo Rufino Tamayo
2003 - Nova Friburgo RJ - Poema Planar-Espacial, na Galeria Sesc Nova Friburgo
2003 - Rio de Janeiro - Projeto em Preto e Branco, na Silvia Cintra Galeria de Arte
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ
2003 - São Paulo SP - A Gravura Vai Bem, Obrigado, no Espaço Virgílio
2003 - São Paulo SP - Escultores, Esculturas, na Pinakotheke
2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake
2003 - São Paulo SP - Um Difícil Momento de Equilíbrio, no Espaço MAM - Villa-Lobos
2004 - Rio de Janeiro RJ - 90 Anos de Tomie Ohtake, no MNBA
2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no MNBA
2005 - Rio de Janeiro RJ - Soto: a construção da imaterialidade, no CCBB


[1] Leia mais:

"...isms understanding art" Stephen Little Universe Publishing-Rizzoli NY, 2004.

[2] A Hochschule für Gestaltung Ulm - Escola Superior da Forma de Ulm, foi fundada na Alemanha em 1952 por Inge Aicher-Scholl (1917-1998), Otl Aicher (1922-1991), Max Bill (1908-1994), entre outros como homenagem aos irmãos judeus mortos pelos nazistas na 2ª Guerra Mundial, e durou até 1968, significativa tentativa de se restabelecer uma ligação com a tradição do design alemão.

Foi sucessora da Bauhaus por seus métodos de ensino, disciplinas lecionadas, ideais políticos. Acreditava que o design tinha um importante papel social a desempenhar.

[3] As primeiras realizações dessa vertente do abstracionismo remontam às vanguardas européias das décadas de 1910 e 1920: o construtivismo russo, a experiência da Bauhaus, o suprematismo de Kazimir Malevich e o neoplasticismo de Piet Mondrian e Theo van Doesburg.

[4] Leia mais:

CORDEIRO, Waldemar. Realismo: musa da vingança e da tristeza. In: WALDEMAR Cordeiro: uma aventura da razão. Comentário Ana Maria Belluzzo. São Paulo: MAC, 1986. p. 130.

 CORDEIRO, Waldemar. Uma nova variável para o modelo de organização territorial: a evolução dos meios eletrônicos de comunicação. In: WALDEMAR Cordeiro: uma aventura da razão. Comentário Ana Maria Belluzzo. São Paulo: MAC, 1986. p. 161.

[5] O manifesto de 1959, assinado por Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, denuncia já nas linhas iniciais que a "tomada de posição neoconcreta" se faz "particularmente em face da arte concreta levada a uma perigosa exacerbação racionalista".

[6] Leia mais:

"Dicionário Crítico da Pintura no Brasil" José Roberto Teixeira Leite Artlivre RJ, 1988.

[7] Regina Teixeira de Barros foi curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo e professora de história da arte da Faculdade Santa Marcelina. De 2006 a 2008, coordenou a equipe de pesquisa do "Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral" e foi responsável pela coordenação editorial desta publicação em 2008.

Foi curadora das exposições: Noturnos, Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1999 Antônio Maluf, Centro Universitário Maria Antônia, São Paulo, 2002 e, e curadora adjunta de Matisse Hoje e Fernand Léger: Relações e Amizades Brasileiras Mestres do Modernismo, Estação Pinacoteca, 2004-2005 "Tarsila Viajante", Pinacoteca do Estado e Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, 2008 León Ferrari: Poéticas e Políticas, Pinacoteca do Estado, 2006 Pinacoteca do Estado, 2009.

[8] De atividade pictórica baseada na geometria, o artista fez obras em que sarrafos de madeira verticais pintados com formas geométricas em suas laterais fazem com que o espectador as rodeie para observá-las. Está estabelecido o jogo entre o bidimensional e o tridimensional.