Sérgio Sister

Sérgio Sister - Sem Título

Sem Título

óleo sobre tela
1993/95
120 x 140 cm
assinatura no verso

Sérgio Sister (São Paulo SP 1948)

Pintor, desenhista.

Cursa pintura na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, em São Paulo, entre 1964 e 1967, e desenho, com Ernestina Karman (1915 - 2004), de 1965 a 1967. Entre 1968 e 1975, realiza graduação em ciências sociais e pós-graduação em ciência política na Universidade de São Paulo - USP. Nesse período, é preso por motivos políticos. Permanece 19 meses, entre 1970 e 1971, no Presídio Tiradentes, em São Paulo, e freqüenta o ateliê livre dessa instituição. Torna-se membro do conselho consultivo da revista Guia das Artes. Na década de 1980, realiza telas abstratas e quadros de pequenas dimensões, e, no fim dos anos 1990, executa em madeira a série Ripas. Em 2002, é publicado o livro Sérgio Sister, com textos de Alberto Tassinari, Lorenzo Mammì, Rodrigo Naves e do próprio artista, pela Editora Casa da Imagem, de Curitiba. Atua ainda como jornalista e ilustrador, entre outros, do livro O Senhor do Bom Nome, de Ilan Brenman, publicado em 2004.

Comentário Crítico

Sérgio Sister, no início da década de 1980, realiza telas abstratas, nas quais alia formas geométricas a manchas de cor. Em Cave 1 (1986), os planos coloridos se destacam do fundo negro, revelando uma luminosidade que parece emanar das áreas de cor. O artista explora a gestualidade da pincelada em texturas rugosas, contrapostas a outras de fatura mais impessoal. Nas telas de pequenas dimensões, realizadas entre 1988 e 1992, ele trabalha com faixas de cor de tonalidades aproximadas, empregando pinceladas curtas e tintas metálicas.

Sobre suas obras, Sister afirma em texto de 1998: "Há alguns anos que encaro com dificuldade a tarefa de conectar dois corpos diferentes de cor, sem corromper a potência de cada um deles em um mero arranjo de faixas. Tentei contornar o problema em 1996 procurando aproximar cores distintas por meio de pigmentos tonais muito semelhantes".1 O artista emprega freqüentemente uma cor dominante, em tonalidades opacas ou, às vezes, leitosas. Por meio das pinceladas, produz uma vibração cromática que retém a luminosidade. Como nota o crítico Alberto Tassinari, entre os sulcos e as vibrações que estruturam os quadros, a luz parece encontrar seu ambiente. A luz fica ali, mais do que ilumina e passa a ser o elemento central em sua obra.

No fim da década de 1990, realiza as Ripas, nas quais as cores são pintadas sobre estruturas longilíneas em madeira. Nessas obras Sister busca uma integração com o espaço circundante. Posteriormente, procura essa integração do espaço e do ar na relação entre as cores. Já em telas realizadas a partir de 2000, as tintas têm uma aparência mais rarefeita, como ocorre em Coluna Vermelha (2000), Menos Horizontal ou Verde Luz (ambas de 2003).

Para a crítica Sônia Salzstein, Sister evidencia o caráter bidimensional do suporte, fazendo com que o olhar do observador percorra a superfície da tela indeciso entre os depósitos de tinta deixados pelas pinceladas curtas e a impressão, puramente visual, da luz nas partículas metálicas do pigmento. Como aponta o historiador da arte Rodrigo Naves, as telas do artista, com planos indecisos de sua direção ou profundidade, ou com os pigmentos metálicos que mal se convertem em tinta, não buscam a bela exterioridade dos atos, mas sim sua constituição.

Notas
1 Citado em SISTER, Sérgio. Sérgio Sister: Programa de Exposições 1998 - artista convidado. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1998, p. não numeradas.

Críticas

"(...) Nas telas recentes do artista o negro aniquila a película residual da ordem figura/fundo, mas não - e atenção aí - para propiciar a emergência da materialidade. Porque esses trabalhos chegaram a um grau zero da representação e também da matéria. Se há a preocupação de que a pintura seja a modulação justa de uma subjetividade, esta só emerge na medida exata da delimitação do campo pictórico. Essa subjetividade se manifesta como um certo lirismo refinado e quase lacônico de que se impregna a matéria pictórica. E o suporte não está aí simplesmente para receber uma qualificação por parte da subjetividade; ele reage, parece sem repouso, recusa-se ao acerto de uma possível verdade da matéria. (...) Chega-se aqui, paradoxalmente, à evidência do suporte não pela via da afirmação dos materiais, e sim pelo reconhecimento da superfície, sobre a qual o olhar vagueia sem poder decidir entre o apelo material dos depósitos de tinta deixados pelas pinceladas curtas e a impressão, puramente visual, do deslizamento descontínuo mas transbordante da luz nas partículas metálicas do pigmento".
Sônia Salzstein Goldberg
GOLDBERG, Sônia Salzstein. Questão de materialidade. Guia das Artes, São Paulo: Casa Editorial Paulista, v.3, n.11, p.42-46, 1988.

"As pinturas de Sérgio Sister parecem guardar a luz. Opacas, às vezes leitosas, são pinturas, paradoxalmente, luminosas. Ainda que pintadas sempre com uma cor dominante, não é tanto da cor que nos falam, mas, se é possível dizer assim, de um repouso da luz. Ali retida, entre os sulcos e as vibrações que estruturam o quadro, a luz parece encontrar na cor mais o seu ambiente do que a sua tradução. A luz ali fica, mais do que ilumina. É difícil dizer como isso se dá. Uma matéria emprestaria corpo a uma cor que se deixaria vir habitar pela luz. Estranha espécie de vitrais de um tempo sem catedrais. Quando nada mais transcende, a luz já não será o espírito do espaço. E mesmo o espaço já não é então transcendente em excesso? O máximo a fazer seria guardá-los. Quietos, mas não inertes. Imantados na pele dos quadros. Mas esses quadros parecem solicitar também uma interpretação positiva. O que é o transcendente, hoje? Talvez questão sem muito lugar, que a conversa e os saberes desconversam e disciplinam a ponto de não haver muitas ocasiões para pô-la, a não ser, aqui e ali, em textos híbridos como o são os catálogos de exposições. Que, pelo menos, para regular a grandiloqüência, se faça então a pergunta às próprias obras. A princípio, não haveria nenhuma transcendência nelas. Seriam prosaicas e banais. Entretanto ali estão. Fechadas, opacas, pouco se entreabrem. Mas de novo ali estarão e, nesse ali, há um mistério. E que não se deixa perder, o quanto pode".
Alberto Tassinari
ARTE brasileira: confrontos e contrastes. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 1995, p. 27.

Exposições Individuais

1983 - São Paulo SP - Individual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1986 - São Paulo SP - Individual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1988 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Millan Antonio
1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Projeto Macunaíma, Galeria FUNARTE
1989 - São Paulo SP - Individual, mp Centro Cultural São Paulo 
1990 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Millan Antonio
1992 - São Paulo SP - Individual, na Capela do Morumbi
1993 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Millan Antonio
1993 - Curitiba PR - Individual, na Casa da Imagem
1995 - São Paulo SP - Individual, na Galeia Millan Antonio
1996 - Curitiba PR - Individual, na Casa da Imagem
1996 - São Paulo SP - Individual, na Marilia Razuk Galeria de Arte
2000 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Marília Razuk
2000 - Ribeirão Preto SP - Individual, no Museu de Arte de Ribeirão Preto (Marp)
2000 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - Individual, na Galeria São Paulo
2000 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Paulo Fernandes
2003 - Curitiba PR - Individual, na Galeria Casa da Imagem 
2003 - São Paulo SP - Individual, na Galeria 10,20 x 3,60
2004 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Millan Antonio
2005 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Silvia Cintra Galeria de Arte
2006 - São Paulo SP - Individual, no Centro Universitário Maria Antônia
2007 - São Paulo SP - Individual, no Instituto Thomie Ohtake
2008 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Nara Roesler

Exposições Coletivas

1965 - São Paulo SP - Salão Paulista de Arte Moderna
1966 - Campinas SP - Salão de Arte Contemporânea
1966 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1967 - São Paulo SP - 1ª Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1967 - São Paulo SP - Jovens Artistas no Museu de Arte Brasileira, no MAB/Faap
1985 - São Paulo SP - Pequenas Insurreições, no CCSP
1989 - São Paulo SP - Arte Contemporânea São Paulo/Perspectivas Recentes, no CCSP
1989 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Contemporâneos, na FUNARTE 
1990 - São Paulo SP - 21º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1992 - São Paulo SP - Galeria Millan: mostra inaugural, na Galeria Millan
1993 - São Paulo SP - Encontros e Tendências, no MAC/USP
1995 - Londrina PR - Arte Brasileira: confrontos e contrastes, no Pavilhão Internacional Octávio Cesário Pereira Júnior
1995 - Londrina PR - Semana de Arte de Londrina, na UEL
1995 - São Paulo SP - Morandi no Brasil, no CCSP
1998 - Madri (Espanha) - Arco' 98, na Galeria Casa da Imagem
1998 - São Paulo SP - Programa Anual de Exposições de Artes Plásticas, no CCSP
1999 - São Paulo SP - 26º Panorama da Arte Brasileira, no MAM/SP
2000 - Fortaleza CE - 26º Panorama de Arte Brasileira, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
2000 - Niterói RJ - 26º Panorama de Arte Brasileira, no MAC/Niterói
2000 - São Paulo SP - Ao Redor do Desenho, no Centro Cultural Maria Antonia
2000 - São Paulo SP - Desenho Contemporâneo, no CCSP
2000 - São Paulo SP - Fim de Milênio: os anos 90 no MAM, no MAM/SP
2000 - São Paulo SP - com Rodrigo Andrade, na Galeria Nestlé
2001 - São Paulo SP - A Cor na Arte Brasileira, no MAM/SP
2001 - Rio de Janeiro RJ - O Espírito de Nossa Época, no MAM/RJ
2001 - São Paulo SP - O Espírito de Nossa Época, no MAM/SP
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - São Paulo SP - 10 Anos Marília Razuk, na Marília Razuk Galeria de Arte
2002 - São Paulo SP - 25ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
2002 - São Paulo SP - 28 (+) Pintura, no Espaço Virgílio
2002 - São Paulo SP - Ana Miguel, Elder Rocha, Ricardo Basbaum e Sérgio Sister, na Galeria de Arte São Paulo
2003 - Belo Horizonte MG - Fabio Miguez, Rodrigo de Castro, Sérgio Sister, na Celma Albuquerque Galeria de Arte
2003 - São Paulo SP - Construtivismo e a Forma como Roupa, no MAM/SP
2003 - São Paulo SP - Meus Amigos, no MAM/SP
2004 - Rio de Janeiro RJ - Novas Aquisições 2003: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
2004 - São Paulo SP - Arte Contemporânea no Acervo Municipal, no CCSP
2006 - São Paulo SP - Ao mesmo tempo o nosso tempo, no Museu de Arte Moderna de São Paulo
2006 - Rio de Janeiro RJ - Arquivo Geral, na Casa Hélio Oiticica

Fonte: Itaú cultural