Dudi Maia Rosa

Dudi Maia Rosa - Meninas e Bicicleta

Meninas e Bicicleta

nanquim sobre papel
1961
68 x 50 cm
assinatura inf. dir.

Dudi Maia Rosa (São Paulo SP 1946)

Pintor, desenhista, professor.

Rafael Maia Rosa estudou gravura com Trindade Leal (1927) na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, em São Paulo, em 1966. O artista interessa-se inicialmente pela aquarela e pela cerâmica, voltando-se posteriormente à pintura. Realiza sua primeira exposição individual em 1967, na Galeria Atrium. Em 1968, ingressa na Faculdade de Engenharia de Mogi das Cruzes e freqüenta o ateliê de Wesley Duke Lee (1931). Nos anos seguintes vive na Inglaterra. Retorna ao Brasil em 1972, e passa a freqüenta a Escola Brasil: inicialmente como aluno, tornando-se depois professor. Nas décadas de 1960 e 1970, realiza trabalhos que têm como tema a cidade de São Paulo, representada em cenários oníricos. Nos anos 1980, sua pintura adquire características tridimensionais, marcada por uma pintura gestual. O artista começa a realizar experiências com  resina sintética, que permite uma variação de transparências e tonalidades em suas obras. Em alguns trabalhos insere escritos, como citações bíblicas ou ainda figuras indefinidas, evanescentes.

Comentário Crítico

Dudi Maia Rosa estuda gravura na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, em 1966. No início da década de 1970, dedica-se à gravura e aquarela, com orientação de Babinski (1931). Freqüenta a Escola Brasil:, entre 1971 e 1974, na qual, posteriormente, se torna professor. A partir da década de 1980, realiza pinturas ligadas à abstração, empregando suportes recortados em formas não usuais: triângulos ou semicírculos. Nessas telas explora os grafismos e as texturas, como ocorrem em Sim (1981).

Ele parte da investigação do suporte e passa a produzir obras nas quais emprega a cor e a transparência das superfícies, obtidas não mais por meio do pincel e da tela, mas pela exploração de outros materiais - o fiberglass (fibra de vidro), por exemplo. Nessas obras aprofunda as potencialidades expressivas dos novos materiais, como na série Portas (1986). E indica como referências para seu trabalho com fiberglass a produção dos artistas americanos Ron Davis (1937), Jasper Johns (1930) e também de Mark Rothko (1903 - 1970), este, em trabalhos mais recentes.

Na opinião do crítico Agnaldo Farias, Dudi Maia Rosa, após ter participado ativamente da Escola Brasil:, com trabalhos abstratos, tem uma trajetória que coincide com a de Cássio Michalany (1949) e Carlos Fajardo (1941) na crítica ao papel assumido pela pintura e escultura na figuração do mundo.

O artista emoldura certa área em madeira, que é preenchida com mantas de fibras de vidro, alternadas às resinas misturadas com pigmentos. As características do material empregado e a diferença de espessura das camadas resultam diversas formas de captação da luz. Desse modo, os trabalhos revelam diferentes transparências e tonalidades. Nessas obras, a luz e a cor agem fisicamente uma sobre a outra. Em vez de ser representações de acontecimentos do mundo, procuram ser elas mesmas fenômenos concretos.

Críticas

"(...) Domador de um abstrato incomum (...) 'Ele se coloca fora da obra, está interessado na interiorização do trabalho e atinge um senso crítico', avalia a curadora Sheila Leirner. 'É aí que reside a sua contemporaneidade'. (...) Dudi, afinal, admite que reconsiderou várias histórias de seu próprio passado, como a figuração e a presença do olho. 'Voltei à superfície da tela', avisa ele. 'E talvez esteja apresentando o avesso da expectativa que as pessoas têm em relação ao meu trabalho'. Explica-se: apesar de atuar 'pelas costas' do quadro (quadro?), como que resgatando o gravurista que foi, Dudi olha aquele lado que estava depositado na pele plástica e mete a mão, ainda querendo mais, arranhando a superfície do suporte/obra, grudando papéis depois aliviados com qualquer instrumento à mão, fazendo e refazendo mensagens de amor cifrado. (...) 'Não sei que nome dar aos trabalhos, nem a esse tipo de trabalho, mesmo porque para mim ele em si não interessa, mas o que gera de discussão', diz ele, soltando, como um mensageiro afobado, todo o segredo que traz. 'Essa é a graça da vida. Não quero tropeçar em formalidades'".
Rosângela Petta
PETTA, Rosângela. Um mergulho na superfície da tela. Guia das Artes, São Paulo: Casa Editorial Paulista, v. 2, n. 6, p. 12-14, 1987.

"Embora seja reconhecido por parte da crítica como bom profissional, Dudi só teve seus trabalhos em circulação a partir de 1982. 'Antes tudo era feito dentro da idéia de experimentar. Na verdade, houve uma coincidência: minhas obras estouraram no momento em que se afirmavam dentro de um processo'. Apesar de fazer sucesso com pintura, foi a gravura que inicialmente o instigou. (...) Em seus quadros iniciais o triângulo foi trabalhado no plano e, em alguns momentos, se revelava num outro plano. 'Isso vinha da figuração e para mim ainda era difícil posicioná-lo'. Nas telas de 82 Dudi resolvia o problema do espaço, depois liberou-se, alargou-se e ganhou dimensão. (...) 'O porte é a espinha dorsal de meus quadros, mas por outro lado eu gostaria de fazer também outras abordagens que se simplificassem em pequenas dimensões'. No início, a pintura de Dudi discutia planos e relevos e depois espaços vazios e transparências. As inserções de retângulos, que dão idéia de volume, e os recortes das telas nascem na medida em que a obra está sendo trabalhada".
Leonor Amarante
AMARANTE, Leonor. Dudi Maia Rosa: nos limites da pintura. Galeria: revista de arte, São Paulo: Area Editorial, n. 9, p. 44-49, 1988.

"O desejo de transcendência é o fator que garante unidade à trajetória recente de Dudi Maia Rosa. Desde que abandonou a figuração, a partir dos anos 80, desde que suas pinturas rumaram para dentro de si, vergando suas próprias inquietações internas, elas começaram a anunciar que alguma coisa estava encasulada em seu interior; alguma coisa que elas, que daquele ponto em diante passaram a ser feitas de fibra de vidro, deixaram transparecer na metódica geometria de composição do campo pictórico, ou mesmo na súbita e freqüentemente exasperada desestabilização do plano monocromático que lhes fazia as vezes de superfície. Sob esse aspecto Dudi Maia Rosa distanciou-se da maioria dos outros artistas que optaram pelo mesmo caminho, mas que desembocaram numa poética mais árida, adstrita exclusivamente no plano mental. Embora tendo partido da mesma negação do velho princípio estético que consignava à pintura o papel de representação do mundo, nele a consciência do plano, a noção da pintura como objeto em si não impediu a erradicação da expressividade tal como prescrevia a matriz minimalista".
Agnaldo Farias
DUDI Maia Rosa, Marcos Coelho Benjamim, Adriana Varejao. Johannesburg: Fundação Bienal de São Paulo, 1995. p. 5.

Acervos

Acervo Banco Itaú - São Paulo SP
Centro Cultural São Paulo (CCSP) - São Paulo SP
Coleção Fundação Padre Anchieta - São Paulo SP
Coleção Instituto Takano - São Paulo SP
Coleção Metrópolis de Arte Contemporânea - São Paulo SP
Coleção SESC - São Paulo SP
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) - São Paulo SP
Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói) - Niterói RJ
Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC/PR) - Curitiba PR
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) - São Paulo SP
Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (Margs) - Porto Alegre RS
Museu de Arte Moderna (MAM/SP) - São Paulo SP
Museu de Arte Moderna (MAM/RJ) - Rio de Janeiro RJ
Museu Victor Meirelles - Florianópolis SC
Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pesp) - São Paulo SP
Stedelijk Museum - Amsterdã (Holanda)

Exposições Individuais

1978 - São Paulo SP - Individual, Masp
1979 - São Paulo SP - Individual, Galeria Pindorama
1982 - São Paulo SP - Individual, Galeria São Paulo
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Thomas Cohn
1985 - São Paulo SP - Individual, Subdistrito Comercial de Arte
1991 - São Paulo SP - Individual, Capela do Morumbi
1991 - São Paulo SP - Individual, Subdistrito Comercial de Arte
1991 - São Paulo SP - Individual, Centro Cultural São Paulo
1993 - Porto Alegre RS - Individual, Instituto Estadual de Artes Visuais
1993 - São Paulo SP - Individual, Galeria Millan
1993 - São Paulo SP - Individual, Galeria São Paulo
1997 - São Paulo SP - Individual, Valu Ória Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - Individual, Centro Cultural Vergueiro
2001 - São Paulo SP - Individual, Galeria Brito Cimino
2002 - São Paulo SP - Individual, Centro Universitário Maria Antonia
2004 - São Paulo SP - Individual, Galeria Brito Cimino
2004 - São Paulo SP - Individual, Centro Cultural São Paulo
2006 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Mercedes Viegas Arte Contemporânea
2008 - São Paulo SP - Eu Sou Um Outro, Instituto Tomie Ohtake
2009 - São Paulo SP - Individual, Galeria Millan

Exposições Coletivas

1967 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Atrium
1971 - São Paulo SP - 5º Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP - prêmio aquisição
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - São Paulo SP - Papéis e Cia, no Paço das Artes
1979 - São Paulo SP - O Desenho como Instrumento, na Pinacoteca do Estado
1981 - São Paulo SP - Artistas Contemporâneos Brasileiros, no Escritório de Arte São Paulo
1982 - Rio de Janeiro RJ - Entre a Mancha e a Figura, no MAM/RJ
1982 - São Paulo SP - Brasiliana e Brasileiros, no Masp
1983 - Rio de Janeiro RJ - 3 x 4 Grandes Formatos, na Galeria do Centro Empresarial Rio
1984 - Rio de Janeiro RJ - Viva a Pintura, na Petite Galerie
1986 - Fortaleza CE - 1ª Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras
1986 - São Paulo SP - 17º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1987 - São Paulo SP - 19ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1987 - São Paulo SP - A Trama do Gosto: um outro olhar sobre o cotidiano, na Fundação Bienal
1988 - Leverkusen (Alemanha) - Brasil Já, no Museum Morsbroich
1988 - Stuttgart (Alemanha) - Brasil Já, na Galerie Landesgirokasse.
1989 - Hannover (Alemanha) - Brasil Já, no Sprengel Museum
1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1989 - São Paulo SP - 20º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1990 - Atami (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - Brasília DF - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - Los Angeles (Estados Unidos) - Brazil Projects' 90, na Municipal Art Gallery
1990 - Rio de Janeiro RJ - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea 
1990 - São Paulo SP - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea, na Fundação Brasil-Japão
1990 - São Paulo SP - Brazil Projects' 90, no Masp
1990 - Sapporo (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - Tóquio (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1991 - São Paulo SP - O Que Faz Você Agora Geração 60?: jovem arte contemporânea dos anos 60 revisitada, no MAC/USP
1992 - Ancara (Turquia) - Sanart
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1992 - São Paulo SP - Branco Dominante, no Escritório de Arte São Paulo
1992 - São Paulo SP - Galeria Millan: mostra inaugural, na Galeria Millan
1992 - São Paulo SP - João Sattamini/Subdistrito, na Casa das Rosas
1993 - São Paulo SP - 23º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1994 - São Paulo SP - 22ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Marinhas, na Galeria Nara Roesler
1995 - Johanesburgo (África do Sul) - Bienal de Johanesburgo
1995 - Santos SP - 5ª Bienal Nacional de Santos, no Centro Cultural Patrícia Galvão
1995 - São Paulo SP - 1ª United Artists, na Casa das Rosas
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920/1970, no MAC/USP
1997 - São Paulo SP - Arte Cidade: a cidade e suas histórias 
1998 - Belo Horizonte MG - Terra e Mar a Vista, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Terra e Mar a Vista, na Itaugaleria
1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, no MAC/Niterói
1998 - Penápolis SP - Terra e Mar a Vista, na Itaugaleria
1998 - Porto Alegre RS - Remetente, no Espaço Cultural ULBRA
1998 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1998 - São Paulo SP - A Arte de Expor Arte, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - A Falta, na Valu Oria Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - Afinidades Eletivas I: o olhar do colecionador, na Casa das Rosas
1998 - São Paulo SP - Múltiplos, na Valu Oria Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - Novas Curadorias, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Programa Anual de Exposições de Artes Plásticas, no CCSP
1998 - São Paulo SP - Viagens. Terra e Mar à Vista, no Itaú Cultural
1999 - Ribeirão Preto SP - Dudi Maia Rosa, Cristina Rogozinski, Eliane Prolik, Frederico Pinto, Luiz Hermano, Marcia Pastore e Paulo Humberto, no Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi
1999 - São Paulo SP - Programa Anual de Exposições de Artes Plásticas, no CCSP
1999 - São Paulo SP - United Artists: Viagens de Identidades, na  Casa das Rosas
2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - III, na Galeria Brito Cimino
2001 - Porto Alegre RS - Coleção Liba e Rubem Knijnik: arte brasileira contemporânea, no Margs
2001 - Rio de Janeiro RJ - O Espírito de Nossa Época, no MAM/RJ
2001 - São Paulo SP - Anos 70: Trajetórias, no Itaú Cultural
2001 - São Paulo SP - O Espírito de Nossa Época, no MAM/SP
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Fortaleza CE - Ceará Redescobre o Brasil, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
2002 - Niterói RJ - Coleção Sattamini: modernos e contemporâneos, no MAC-Niterói
2002 - São Paulo SP - 28 (+) Pintura, no Espaço Virgílio
2002 - São Paulo SP - Genius Loci: o espírito do lugar, em ruas do bairro de Vila Buarque
2002 - São Paulo SP - Mapa do Agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Instituto Tomie Ohtake
2002 - São Paulo SP - Ópera Aberta: celebração, na Casa das Rosas
2002 - São Paulo SP - Paralela, em Galpão localizado na Avenida Matarazzo, 530, São Paulo. Exposição idealizada e organizada em conjunto pelas galerias Fortes Vilaça, Luisa Strina, Casa Triângulo e Brito Cimino
2003 - São Paulo SP - Estética do Fluido, no Espaço MAM/Villa-Lobos
2003 - São Paulo SP - Meus Amigos, no Espaço MAM - Villa-Lobos
2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake
2004 - Campinas SP - Coleção Metrópolis de Arte Contemporânea , no Espaço Cultural CPFL
2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Mnba
2004 - São Paulo SP - Arte Contemporânea no Acervo Municipal, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Versão Brasileira, na Galeria Brito Cimino

Fonte: Itaú Cultural