Artur Barrio
Artur Barrio (Porto, Portugal 1945)
Artista multimídia e desenhista.
Artur Alípio Barrio de Sousa Lopes passou a viver no Rio de Janeiro em 1955, começou a se dedicar à pintura em 1965, a partir de 1967 frequentou a Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Nesse período, realiza os cadernos livres, com registros e anotações que se afastam das linguagens tradicionais. Em 1969, começa a criar as Situações: trabalhos de grande impacto, realizados com materiais orgânicos como lixo, papel higiênico, detritos humanos e carne putrefata (como as Trouxas Ensangüentadas), com os quais realiza intervenções no espaço urbano. No mesmo ano, escreve um manifesto no qual contesta as categorias tradicionais da arte e sua relação com o mercado, e a situação social e política na América Latina. Em 1970, na mostra Do Corpo à Terra, espalha as Trouxas Ensangüentadas em um rio em Belo Horizonte. Barrio documenta essas situações com o uso de fotografia, cadernos de artista e filmes Super-8. Cria também instalações e esculturas, nas quais emprega objetos cotidianos. Realiza constantes viagens, e reside também na África e na Europa - em Portugal, na França e na Holanda. Desde a metade da década de 1990, ocorrem várias publicações e exposições que procuram recuperar sua obra.
Comentário Crítico
Artur Barrio começa a dedicar-se à pintura em 1965, no Rio de Janeiro. Dois anos mais tarde, entra na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Nesse período, desenha muito e faz. seus "cadernos-livros", obras em forma de registro e anotações que se afastam das linguagens tradicionais. Em 1969, inicia as Situações: trabalhos feitos com dejetos, materiais orgânicos e objetos nada convencionais. São atos efêmeros e provocativos, uma interferência artística no ambiente. Segundo a historiadora Sheila Cabo, com Situações, "Barrio desenvolve a relação arte/vida no sentido da recuperação da vida e repotencialização da arte".1 No mesmo ano, lança seu Manifesto: um brado "contra as categorias da arte" e a situação política e social do terceiro mundo.2
Barrio joga 14 trouxas com carne, ossos e sangue no rio, em Belo Horizonte, durante a coletiva Do Corpo à Terra, em 1970. A ação tem apelo político, e é associada aos assassinatos do regime militar e dos grupos de extermínio. Muitas vezes, ele realiza as situações longe dos olhos do público e documenta essas ações por meio de filmes em Super-8, fotografia, cadernos e livros de artista. Esse material se torna parte de seu trabalho. Barrio também faz instalações ao ar livre, como Blooshluss (1972); e esculturas que utilizam objetos do cotidiano, como Navalha Relógio (1970) e 1) Dentro para Fora. 2) Simples (1970).
Retorna a Portugal em 1974. Presencia a Revolução dos Cravos e realiza situações como 4 Movimentos e 4 Pedras e a escultura Metal/Sebo Frio/Calor. No mesmo ano, expõe desenhos no Rio de Janeiro, São Paulo e Islândia. No ano seguinte, passa a morar em Paris. Lá, o Centre Georges Pompidou adquire seus cadernos de registro e livros de artista, como o Livro de Carne (1977). Nessa época faz performances, arte postal, esculturas, livros e cadernos de artista. Em 1982, expõe pela primeira vez o conjunto de quadros e desenhos intitulado Série Africana, em que retoma o trabalho com a cor e a pintura. Três anos depois mostra as obras desta série na 17ª Bienal Internacional de São Paulo. Apresenta na Galeria do Centro Empresarial do Rio de Janeiro, em 1987, a Experiência nº 1. Com este trabalho, inicia uma série de instalações em que atua diretamente sobre as paredes da galeria, sulcando-as e prendendo objetos em sua superfície. Em 1996, o Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB do Rio de Janeiro realiza retrospectiva de sua obra, com registros das Situações.
Notas
1 - CABO, Sheila. Barrio: A morte da arte como totalidade. In: BASBAUM, Ricardo (org.). Arte contemporânea brasileira: texturas, dicções, ficções, estratégias. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2001. (N-Imagem).
2 - BARRIO, Artur. Manifesto. In: BARRIO, Artur. Artur Barrio: a metáfora dos fluxos 2000/1968. São Paulo: Paço das Artes, 2000. p. 100.
Críticas
"Desde o início dos anos 60, Barrio vem se interessando pelas sobras, pelos resíduos que deixamos. Note-se que esse interesse nada tem a ver com um discurso de fundo ecológico, com a velha denúncia da implacabilidade da razão instrumental, da destruição da natureza, do buraco de ozônio, da morte das baleias e de outros tantos terrores contemporâneos. É certo que as trouxas ensangüentadas espalhadas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte em 1970 justificavam-se parcialmente como comentários sobre a hedionda vida subterrânea gerada pela ditadura militar. Mas não se esgotavam aí. Também superavam a esfera da denúncia os quinhentos sacos plásticos contendo sangue, pedaços de unha, saliva (escarro), merda, meleca, ossos, etc. , igualmente dispersos no Rio de Janeiro. Como as trouxas, os sacos eram abandonados pelo seu autor à curiosidade e à manipulação dos transeuntes anônimos, que eventualmente passavam a co-autores do trabalho. Detritos cuja deriva era registrada - não interceptada - pelo artista, que, ele também um transeunte, atentava às reações psicorgânicas destes.
Como já é patente na descrição desses trabalhos, ou situações, como definia o próprio artista, tornava-se muito difícil caracterizá-los como obra de arte, mesmo que se tenha em mente o grau de experimentação daqueles anos. Um exame mais detalhado demonstra seu afastamento tanto do objeto, tal como era tratado pela arte pop, quanto da eleição de novos materiais, caso da arte povera e mais ainda da orientação formalista dos minimalistas".
Agnaldo Farias
BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 23., 1996, São Paulo, SP. Catálogo da Exposição Universalis. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1996. p.45.
"A arte de Barrio expõe o constrangimento econômico do Terceiro Mundo. Barrio sustentou dois embates: pela liberdade de expressão na ditadura e contra a desigualdade de expressão no capitalismo. Sua estratégia denuncia o condicionamento da produção pelos materiais artísticos no Terceiro Mundo. Não se tratava de história, disponibilidade ou custo dos materiais: 'o processo não era de conseguir os meios (ainda que mínimos), mas o de fazer'. Barrio enfrenta a politização dos materiais da linguagem para desenvolver estratégias de superação, atuando nas etapas de produção, distribuição e apropriação da arte (...). Para Barrio, o registro de obras responde à apropriação da arte, irredutível à condição de mercadoria: 'as coisas não são indicadas (representadas), mas sim vividas'. Reviu seu estatuto: 'abro mão de meu enquadramento como artista'; e a produção de consumo: 'o trabalho não é recuperado pois foi criado para ser abandonado e seguir sua trajetória de envolvimento psicológico'; testando a ideologia do mercado, desconstruiu os signos com que se reconhecia na operação artística uma possível formação de valor de troca".
Paulo Herkenhoff
HERKENHOFF, Paulo. Barrio - Liberdade, Igualdade e Ira. In: BARRIO, Artur. Artur Barrio: a metáfora dos fluxos 2000/1968. São Paulo: Paço das Artes, 2000.p.25-28.
"É revelador como na poética de Barrio manifesta-se, com intensidade, o duplo sentido do termo escatologia que se refere, então, não apenas aos dejetos do corpo, mas também à 'doutrina sobre a consumação do tempo e da história'. Isto porque elementos orgânicos de putrefação garantida são, antes de mais nada, metáforas da dialética vida/morte inerente à consideração humana. O contexto da forte repressão política fornece os parâmetros necessários para se compreender este trabalho, no momento de sua formulação. Da adversidade vivemos, conclui Hélio Oiticica em Esquema Geral da Nova Objetividade (1967). Esta adversidade do contexto brasileiro e, nesse caso, carioca aproximou o trabalho de Barrio de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Cildo Meireles e Antônio Manuel. O gesto toma o sentido da ação a ser francamente compartilhada através de obras, um ativismo que se faz pelo envolvimento das pessoas, subvertendo, definitivamente, a idéia institucionalizada e passiva de público de arte".
Cristina Freire
FREIRE, Cristina. Artur Barrio: sic transit gloria mundi. In: BARRIO, Artur. Artur Barrio: a metáfora dos fluxos 2000/1968. São Paulo: Paço das Artes, 2000. p.21-24.
"A obra de Artur Barrio constitui, na sua singularidade radical, um caso muito particular do modo como a arte pode renunciar à sua objectualidade, numa crítica particular das suas condições de produção, circulação e consumo na sociedade contemporânea. Barrio não produz 'obras de arte', antes suscita situações nas quais constrói um discurso pessoal em que se apropria do real, reconstituindo-o poética e politicamente nos resíduos desse mesmo real que evidencia e que nos são freqüentemente ocultados pela domesticação social do gosto e pela autolegitimação social do objeto artístico. Os seus projetos são constituídos por situações em que o artista utiliza materiais precários e perecíveis, muitas vezes orgânicos, que impossibilitam a sua reapropriação por parte de um sistema da arte ainda comprometido com a circulação feiticista do objecto ou do documento".
João Fernandes
FERNANDES, João. Artur Barrio: Registros. In: BARRIO, Artur. Regist(r)os. Porto: Fundação de Serralves, 2000. p.16-19.
Depoimentos
"Ver através de símbolos é também uma maneira de ver. Mas o que pretendo é fazer justamente aquilo que eu acho que as coisas são. As trouxas ensangüentadas ou os pães não eram simbólicos. Não simbolizavam nada. Eram o que eram. Pedaços de carne e pão que, mais tarde, tentaram associar com outras coisas da realidade brasileira ou internacional, ou com aspectos filosóficos. Para mim, eles têm um sentido concreto. Por que não se tenta analisar o pão pela matéria, pelo que ele é? O mesmo acontece com o trabalho da vendedora de peixes, que desenvolvi em Portugal. Aquilo não é símbolo. É uma profissão. Um ser humano que vende peixes de porta em porta. Estamos cheios de símbolos. (...) Eu achava que o simbólico não cabia no meu trabalho, mas tudo foi caminhando para esse lado. Os observadores captaram a coisa que seria mais fácil".
Artur Barrio (1987)
BARRIO, Artur. Entrevista a Márcio Doctors - O Globo, 27/11/1987. In: BARRIO, Artur. Artur Barrio: a metáfora dos fluxos 2000/1968. São Paulo: Paço das Artes, 2000. p. 53.
Artur Barrio, artista plástico luso-brasileiro, vence Prémio Velázquez 2011
Para o júri, a escolha de Barrio deveu-se "à construção de uma poética radical, que produz uma relação e um eco com situações políticas e sociais. Pela universalidade de sua linguagem, desenvolvida através de materiais não convencionais, crus, perecíveis e degradáveis. Pelo radicalismo do uso que faz dos mesmos, dentro e fora da instituição do museu. Seu trabalho, desenvolvido através de ações, performances, instalações, vídeos, explora o efémero e transitório, interessando-se pelos efeitos simbólicos e pela aparição de uma beleza inesperada". Nascido na cidade do Porto, em Portugal, em 1945, Artur Barrio veio para o Rio de Janeiro ainda criança, onde começou a dedicar-se à pintura em 1965. Dois anos mais tarde, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes. Em 1969, criou suas "Situações", obras feitas com lixo, materiais orgânicos e objetos fora do convencional. No mesmo ano, lançou "Manifesto", um protesto "contra as categorias da arte" e a situação política e social do terceiro mundo. Barrio também fez instalações ao ar livre, tais como "Blooshluss" (1972), e esculturas com objetos quotidianos. Em 1975, mudou-se para Paris. O Centro Georges Pompidou adquiriu seus cadernos e livros, como o "Livro da carne". Durante este período, criou performances, arte postal, esculturas, livros e cadernos de artista. Em 1982, expôs o conjunto de pinturas e desenhos intitulado "Série Africana", em que retomou a cor e a pintura. Três anos depois, participou da 17ª edição da Bienal Internacional de São Paulo.
Entrevista
Artur Barrio fala como escreve, fazendo uso prolongado de reticências. O aproveitamento do intervalo entre as palavras é uma forma a mais de atuar nos espaços intermediários da realidade. "O que procuro é o contato com a realidade em sua totalidade, do tudo que é renegado, do tudo que é posto de lado", escreveu ele em 1978, referindo-se o uso de materiais orgânicos, como papel higiênico, sangue e urina. Com a mesma insubordinação aos limites, que nos anos 60 e 70 se exprimia em intervenções diretas no espaço urbano, o artista vem atuando nas "brechas" dos espaços institucionais. Em 2002, desenvolveu, para a 11ª Documenta de Kassel, "idéiaSituação interRelacionamento SubjetivoObjetivo", operação que extravasou a sala que lhe foi destinada e se espalhou em 30 gestos ao ar livre, além de ter se transformado em um caderno-livro com tiragem de 10 mil exemplares que foram distribuídos. No início de outubro, Barrio terminou a execução de sua "Situação/Trabalho: de lugar nenhum", obra integrante da 4ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, que reflete a condição transitória do artista. Realizada com farelo de arroz (ensacado na cidade gaúcha de Arroio dos Ratos), esta última Situação/Trabalho de Barrio evoca com textos escritos nas paredes a volta dos ratos e renega a participação do público na obra, por meio da frase "o espectador não faz a obra". "Estou criando um racha com a tradição milenar pitagórica, que diz que a obra está no centro e o espectador está ao redor e que, portanto, a obra é feita a partir da observação do espectador", afirma. A declaração coloca um ruído dentro da trajetória de um artista que já dividiu, textualmente, a autoria de seu trabalho com o espectador. Instalado em um armazém do cais de Porto Alegre, o trabalho de Barrio parece estar em seu elemento natural, em latitude intermediária e marginal. Integra a exposição "O Delírio do Chimborazo", com curadoria de Alfons Hug, que não tem um espaço próprio e determinado, mas acontece de forma transversal, contaminando todas as outras mostras do evento.
Como você se sente, localizado entre as representações do Uruguai e do Chile? Artur Barrio: O nome de meu trabalho passou a ser, justamente, "Situação/Trabalho: de lugar nenhum". Essa é a minha condição: de lugar nenhum. Você até me perguntou há pouco se sou português. Quando chego em Portugal, sou considerado brasileiro, e aqui, de vez em quando, sou considerado português. Então, sou de lugar nenhum, o que também define minha relação com a arte. Porque poderíamos dizer que a arte não tem fronteiras, não tem nacionalidade. Para mim, arte com rótulo de nacionalidade não existe. A arte é internacional, é do ser humano e é do mundo.
E em relação ao Mercosul, você olha e se comunica com esses países? Barrio: Eu não sou uma pessoa muito, digamos, comunicativa. Já fui mais e hoje em dia eu não me comunico quase com país nenhum. Apesar de viajar bastante, eu não tenho mais esse elã de trocar idéias ou receber pessoas de outros países.
Essa comunicação foi também cortada com o público? Barrio: Sim. Essa preocupação com o público, de atingir determinada corda vibratória para que isso deflagre um tipo de comunicação ou participação na obra, eu me afastei completamente disso e não tenho nenhum interesse em saber qual será a reação do público, ou se eles vão aceitar ou não. Eu faço o trabalho como se fosse estritamente para mim, não no sentido de usufruí-lo ou contemplá-lo, mas no ato de fazê-lo, criá-lo. No ato de relacionar os objetos e o peso desses objetos e toda essa dinâmica, como se eu estivesse em meu ateliê. Como não tenho um ateliê, aqui passa a ser meu ateliê. Então, eu não vou me dar ao luxo de pensar no outro. É um egoísmo, mas é um egoísmo criativo.
Sua frase "o espectador não faz a obra" é uma resposta à idéia da 50ª Bienal de Veneza, "Sonhos e Conflitos: a Ditadura do Espectador"? Barrio: Não. Já uso essa frase há mais de dois anos. Faz parte de trabalhos que fiz no MAM, em Kassel. A participação do espectador é uma coisa gasta, velha.
No limite, seu trabalho poderia ser desmontado no mesmo dia em que termina sua execução? Barrio: Exatamente. Mas vem aquela história de que "o Barrio faz uma foto e cola na parede, ou faz um livro.". Então, esse trabalho aqui eu não fotografei. Você fotografou, que bom, mas eu não trouxe a máquina. Ele já poderia ser desmontado. Entra o aspecto de um circuito quase que fechado, que se passaria dentro do meu ateliê, se aqui fosse. Mas só que não é, então eu deixo o trabalho para que ele sofra uma transformação no decorrer da mostra. E eu não admito que haja uma equipe de restauração do trabalho, ele irá se degradando, até se tornar talvez outra coisa.
Isso aconteceu com a idéia/situação da 11ª Documenta de Kassel? Barrio: Não sei, porque viajei antes da inauguração. Fotografei exaustivamente, fiz um livro de registros e só soube o que aconteceu depois por outras pessoas. Cada um viu o trabalho de uma maneira. No final da Documenta, uma pessoa me disse que o espaço estava todo iluminado. Era para ser um espaço na penumbra e parece que o iluminaram. Foi uma sacanagem da Documenta.
Mas esse trabalho pressupunha a participação do público, na medida em que o convidava para sentar em um sofá e tomar vinho. Barrio: A participação existe, sem dúvida, eu não posso negar às pessoas de participar. Mas a minha opinião é a de que o espectador não faz a obra, no sentido de que ele, com a manipulação dele, ou com o olhar, ou o intelecto, recrie a obra, se aproprie da obra. Aqui também tenho uma barreira em relação aos curadores. O curador cria uma estrutura e ele passa a dizer que esse é o trabalho dele, mas não é. Ele passaria a ser o dono da obra ao se apropriar da obra? Ridículo. O curador é uma necessidade desnecessária.
E qual a função do curador? Barrio: Acho que o curador tem a idéia e certos trabalhos se adaptam àquela idéia ou vice-versa. A partir daí, ele organiza. É um intelectual, mas não um criador. Ele não tem poder criativo tem poder de organizar.
E em que casos o curador reivindica esse poder? Barrio: No Rio de Janeiro mesmo chega a ser ridículo, medíocre. Nós temos a Denise Mattar. Ela reivindica isso publicamente, nos jornais. E há outros casos, como a Sheila Leirner, que se considerava criadora com "A Grande Tela", nos anos 80. O artista. passou a ser o empregado, o operário. O que ele tanto defendeu nos anos 70, hoje ele passa a ser isso. Nos anos 70, o artista fazia seu trabalho em espaços que não eram institucionais e não precisava de curador.
Como você vê essa mudança de movimentação? Barrio: Eu trabalhei muito na rua, nas praças, praias, descampados. Este espaço aqui, um armazém de cais, seria ocupado, nos anos 70, por um grupo de artistas. Hoje esse espaço passa a ser incorporado à arte contemporânea. Naquela época havia todo um movimento contra o sistema: Maio de 68 não estava tão longe, a guerra do Vietnã estava a mil, o Brasil estava vivendo a ditadura, tudo isso provocou a reação.
Mas hoje há coletivos de artistas... Barrio: Sim, mas acontece que aqueles grupos não admitiriam nunca um curador. À parte alguns, como Mário Pedrosa, com quem, evidentemente, havia um diálogo. Então, não havia necessidade de alguém que organizasse algo para que se fomentasse uma exposição. Eu deixei o coletivo para me transformar no indivíduo. Mas o pessoal dos coletivos de hoje vai ser chamado para representações nacionais e vai ter de fazer uma reflexão sobre isso. Aquilo funciona como um ateliê de idéias, só que, uma hora, um deles vai ser chamado para uma bienal ou uma Documenta. Há uma contradição, e é válida. Eu só comecei a participar das bienais há pouco tempo.
Como foi a experiência na Documenta? Barrio: Estive três vezes na Alemanha. Acho que o Okwui Enwezor fez uma Documenta muito forte, além de toda a documentação produzida. Meu trabalho, geralmente, é transformado em documentação. Registros. E eu montei meu trabalho tal e qual, mas a impressão que tive é que ele criou um senão. A Documenta é mais importante do que qualquer Bienal. Tem um enfoque muito mais agudo do que uma bienal, que deve, de dois em dois anos, criar um novo tema ou uma bobagem nesse sentido. Gostei da Documenta, só que foi uma luta. Quando cheguei para montar, já havia centenas de pessoas e artistas. Eu uso o espaço como meu ateliê e é ali que vão surgindo as coisas, com minha trajetória do passado, com o presente, essa amálgama do tempo. E para manter aquele processo foi uma coisa muito complicada. Cada dia era uma dificuldade. O Carlos Basualdo ficou super irritado porque as pessoas pegavam o café com as mãos, guardavam nos bolsos e depois levavam para as outras salas. Ele chegou ao ponto de cogitar fechar a sala. Criou um senão com os outros artistas. Então, compreendi que o Basualdo, que adorou o meu trabalho e é uma pessoa que eu prezo, mostrou claramente o que ele é: uma pessoa que compreende aquele trabalho numa fotografia. Mas a realidade é a mesma coisa que o amor: a pessoa baba um pouco, o sexo tem odor, há o suor, há os gritos. Não é uma fotografia. Aquela passagem para a realidade do trabalho, eu penso que chocou, porque extrapolou. Fiquei muito surpreso, porque, com uma ingenuidade saudável, eu achava que a Documenta tinha um poder diante dessa coisa comum e medíocre de uma galeria ou de uma pequena bienal, ou até de um museu, onde tudo é muito asséptico. Na verdade, ela é igual a qualquer coisa, é um mastodonte, enorme. Para ver tudo aquilo, três meses é pouquíssimo, então eu pergunto: qual será o fim dessas megaexposições? Eu participei de uma bienal em Fortaleza, a Bienal Ceará Américas, com 44 artistas. Mas a idéia dos curadores é convidar de 15 a 20 artistas para a próxima bienal. Aí está uma alternativa. reduzir para uma escala mais humana.
Essa questão da obra extrapolar seus limites também acontece aqui na Bienal do Mercosul, na medida em que o vento leva o farelo de arroz para outras instalações. Barrio: É, o vento ontem entrou sudoeste, que é um vento forte, que traz chuva. Ele levantou o farelo, que parece que atingiu outras salas e isso provocou um senão. Porque, evidentemente, o trabalho "de arte" que estou vendo é um trabalho limpo e pronto para entrar num salão de burguês.
Como se comportou a curadoria do Alfons Hug nesta mostra transversal? Barrio: Olha, até agora estou surpreendido que ele não tenha criado problemas. Então, ótimo. É uma pessoa que está me surpreendendo positivamente. Quando ele me convidou e trouxe o tema do Chimborazo, o delírio de Simon Bolívar, eu disse a ele: "Olha, em meu trabalho não há tema, eu não aceito tema". Ele disse que tinha que ter um tema para apresentar para a curadoria. Quando estive aqui, em julho, chovia dentro deste espaço, um frio do cão, e vi um galpão enorme que servia para depósito de cargas. Isso aqui era um porto. Por que não voltar à história desse local?
Evocou os ratos. Barrio: Evoquei os ratos, que voltarão para comer o farelo, e esses sacos foram jogados aí. Acho que se aqui ainda fosse o depósito do cais do porto eles estariam mais organizados, evidentemente, mas de qualquer maneira há uma retomada da história do local, e também uma certa homenagem ao pessoal que trabalhou aqui, carregando esses fardos. Além dessa paisagem magnífica que entra no espaço. Eu alienei completamente a idéia de que há do meu lado uma representação do Chile, outra do Uruguai, que há outros artistas, porque esta é a melhor maneira de eu poder trabalhar.
Fale um pouco sobre o espaço usado como ateliê e sobre seu ateliê de bolso. Barrio: Comecei com a arte aos 22 anos de idade e, da noite para o dia, fiquei completamente pobre, sem grana. Antes eu trabalhava em escritório, estava fazendo economia. Sai fora e radicalizei totalmente e isso me deixou numa situação meio complicada. Finalmente, aos 25, a coisa se acelerou, foi quando eu criei as "Trouxas ensanguentadas", desdobramentos do trabalho na rua. Nessa época eu morava num quarto. Então, o meu caderno era o meu ateliê. Tudo em escala mínima. Já com 17 anos, eu escrevia muito. Histórias, poesias, esse caderno-ateliê vem um pouco daí. Eu tinha muitos cadernos daquela época, mas perdi. Os que eu consegui segurar, vendi ao Gilberto Chateaubriand. Ele, como colecionador, guardou-os. Se não, eu iria perdê-los nesse vai-e-vem, sem lugar fixo. Aí surge, pouco a pouco, a idéia de usar o espaço expositivo como local de germinação das idéias, experimentação real. E usar aquilo como uma coisa que não esteja determinada.
Isso é o que configura uma "situação"? E cumprir. Barrio: E cumprir, e cumprir (risos). Eu entendi que era nessa brecha que eu tinha que atuar. Só que isso implica numa luta cotidiana. Fico aqui, sendo observado pelos outros, mas tudo bem.
Bem ou mal, você tem se relacionado com as instituições. Barrio: Tenho. E, eles, bem ou mal, estão deixando a coisa ir acontecendo. Acho que esse é um potencial que eles gostam. Mesmo não gostando tanto quanto gostariam de gostar. Mas eles aceitam. E eu acho isso bacana.
Isso seria possível algumas décadas atrás? Essa relação é uma aquisição recente? Barrio: Completamente. Isso começa a germinar nos anos 80. É aquela coisa. Tenho uma idéia, mas na hora em que estou fazendo. Meu trabalho sempre teve um pouco esse lance de ir se transformando. Quando você sai de um mundo exterior para um mundo interior, um mundo objetivo, que é uma instituição, o mundo subjetivo precisa dialogar com aquele mundo objetivo, mas não se curvar. Em geral, a arte é apresentada não como algo que foi criado no momento, mas como algo que veio do ateliê, ou de um estudo prolongado, e entra quase como uma estrutura arquitetônica. As instalações do Hélio Oiticica e do Cildo Meireles têm uma conotação arquitetônica, ou seja, são montadas obedecendo a certas regras próprias e são desmontadas, encaixotadas e remontadas em outro lugar. Eu saí um pouquinho disso, meu trabalho não dá para.
.remontar? Barrio: Há aquela anedota: eu fiz uma exposição numa pequena galeria no Rio de Janeiro e os marchands, no final, estavam. varrendo o chão, ensacando aquele pó de café, ou umas cabeças de peixe com sal grosso. Umas gambiarras, juntando tudo, porque estavam achando que a partir dali eles poderiam talvez vender, não sei. Mas aí se deram conta de que ninguém vai comprar aquilo, não é? Porque não é mais o todo, aquilo é um objeto.
Mas poderiam comprar fotografias que registram a situação. Barrio: É, mas aí entra outro senão, porque a fotografia é secundária.
O registro não poderia ser visto como obra? Barrio: Não, de jeito nenhum, a fotografia é secundária. É feita a posteriori, já é outra coisa. Há museus que compraram alguns registros, só que eles não têm direito ao registro único, ao negativo, a uma tiragem de cinco. Não há nada disso. O trabalho tem tiragem ilimitadíssima, os originais eu já não sei onde estão, estão se transformando em cópias. E a fotografia nasceu para ter milhares de exemplares. Eu deixei de trabalhar com uma galeria na Califórnia por isso, porque o marchand queria que eu trabalhasse com registros e queria os negativos originais para fazer tiragem de cinco. De jeito nenhum, eu não trabalho assim. Se alguém quiser comprar, eu vendo. Mas eu tenho os negativos e vou reproduzindo sem remorsos.
E você tem vontade de voltar a fazer trabalhos fora da instituição? Barrio: Tenho e estou fazendo. Mandei construir um veleiro aqui em Triunfo, no Rio Grande do Sul. Fui fazendo aos pouquinhos, com meu esforço, demorou dois anos e meio e agora ficou pronto. Fizemos uma viagem em fevereiro até o Rio. Lá no Rio eu fiz várias saídas, fiz uma viagem com Cristina, minha mulher, até Búzios, enfrentamos um vento leste, forte, de proa. Ela registrou com fotos, eu também fiz algumas. Então há a idéia de fazer um trabalho com todo esse percurso, eu escrevo lá minhas coisinhas.
Um diário de bordo? Barrio: Não seria bem um diário de bordo, mas há a idéia de fazer um trabalho fora de todos os contextos, fora da terra, na água. Já está sendo feito, mas não acho que já tenha chegado a uma síntese, àquela fagulha. Mas vamos vivendo, a idéia está acontecendo.
Essa veia de marinheiro, de onde vem? Barrio: Eu adoro mergulhar e fazer fotografia submarina. Sou português, acho que é um pouco isso também. Sempre morei em Copacabana, com o mar ali em frente, maravilhoso. Isso me afasta um pouco do mundo da arte, que é algo que preocupa, esse dia-a-dia do mundo da arte, nhenhenhém, uma chatice.
O papo não tem fim. Os espaços entre as palavras vão se prolongando e a noite cai sobre o rio Guaíba.
Exposições Individuais
1967 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos, na Galeria Gemini
1973 - Rio de Janeiro RJ - Super 8, Slides e Trabalhos, na Veste Sagrada Organização Criativa
1974 - Rio de Janeiro RJ - Registros e Desenhos, na Central de Arte Contemporânea
1974 - São Paulo SP - Artur Barrio: desenhos, na Galeria Millan
1974 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Ars Mobile
1975 - Paris (França) - Plenitude, no Espace Cairn
1977 - Porto (Portugal) - Artur Barrio: desenhos, registros, audiovisuais, na Galeria Alvarez
1978 - Rio de Janeiro RJ - Projetos Realizados e Quase Realizados, no MAM/RJ
1978 - São Paulo SP - Cadernos-Livros, na Pinacoteca do Estado
1979 - Paris (França) - Vitrine pour l'Art Actuel, no Espace Cairn
1980 - Paris (França) - Extensão, no Espace Cairn
1980 - Paris (França) - Marfim Africano, no Espace Cairn
1980 - Paris (França) - Movimento Congelado, no Espace Cairn
1981 - Paris (França) - A Partida de Tênis, no Espace Cairn
1981 - Paris (França) - Volto em 5', no Espace Cairn
1981 - Rio de Janeiro RJ - Registros de Trabalho, na Galeria Sérgio Milliet
1982 - Paris (França) - D'Après le Dernier Portolano, no Espace Cairn
1982 - São Paulo SP - Série Africana, na Galeria de Arte São Paulo
1983 - Amsterdã (Holanda) - Minha Cabeça Está Vazia, Meus Olhos Estão Cheios, na Gallerij Suspekt
1983 - Paris (França) - Minha Cabeça Está Vazia, Meus Olhos Estão Cheios, no Espace Cairn
1983 - Rio de Janeiro RJ - Minha Cabeça Está Vazia, Meus Olhos Estão Cheios, no MAM/RJ
1983 - São Paulo SP - Série Africana, na Galeria de Arte São Paulo
1984 - Amsterdã (Holanda) - Registros, na Fundação Makkon
1984 - Eidhoven (Alemanha) Registros, na Fundação Het Apallo Huis
1984 - Rio de Janeiro RJ - Registros, na Galeria MP2 Arte
1986 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: pinturas e desenhos, na Petite Galerie
1986 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Millan
1987 - Rio de Janeiro RJ - Experiência nº 1, na Galeria do Centro Empresarial do Rio de Janeiro
1988 - Rio de Janeiro RJ e São Paulo SP - Artur Barrio: pinturas, na Galeria Montesanti
1989 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: pinturas, na Galeria Montesanti
1989 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: pinturas, no Artur Fidalgo Escritório de Arte
1989 - Rio de Janeiro RJ - Experiência nº 4, na Galeria do Centro Empresarial do Rio de Janeiro
1989 - São Paulo SP - Artur Barrio: pinturas e desenhos, na Kate Art Gallery
1991 - Rio de Janeiro RJ - Experiência nº 5, no Espaço Cultural Sérgio Porto
1993 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: desenhos e colagens, na Galeria Goudard
1993 - Rio de Janeiro RJ - Extensão, na Galeria Ibeu Copacabana
1993 - Rio de Janeiro RJ - Variantes, na Galeria Saramenha
1993 - Genebra (Suíça) - Variantes, na Galerie Brot und Käse
1995 - Rio de Janeiro RJ - Uma Extensão no Tempo, no Paço Imperial
1996 - Rio de Janeiro RJ - Situações: Artur Barrio: registro, no CCBB
1997 - São Paulo SP - Artur Barrio: fragmentos, na Galeria de Arte São Paulo
1997 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: fragmentos, na Galeria Cohn Edelstein
1998 - Niterói RJ - O Sonho do Arqueólogo, no MAC/Niterói
1999 - Fortaleza CE - Individual, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
1999 - Porto (Portugal) - Individual, na Galeria André Viana
1999 - Porto Alegre RS - Individual, na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo
1999 - São Paulo SP - Individual, na Nova Galeria de Arte
2000 - Porto (Portugal) - Regist(R)os, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves
2000 - Rio de Janeiro RJ - Desígnio, no Artur Fidalgo Escritório de Arte
2001 - São Paulo SP - A Metáfora dos Fluxos, no Paço das Artes
2001 - Salvador BA - A Metáfora dos Fluxos, no MAM/BA
2001 - Rio de Janeiro RJ - A Metáfora dos Fluxos, no MAM/RJ
2002 - Brasília DF - Minha Cabeça Está Vazia/Meus Olhos Estão Cheios
2002 - Rio de Janeiro RJ - Minha Cabeça Está Vazia/Meu Olho Está Cheio, no MAM/RJ
2002 - Rio de Janeiro RJ - Sub: homenagem a Pierre Vogel, no Artur Fidalgo Escritório de Arte
2002 - São Paulo SP - Minha Cabeça Está Vazia/Meu Olho Está Cheio, na Pinacoteca do Estado
Exposições Coletivas
1967 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Celina
1968 - Rio de Janeiro RJ - Feira de Arte do Rio de Janeiro, no MAM/RJ
1969 - Paris (França) - 6ª Bienal de Paris
1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ
1970 - Belo Horizonte MG - Do Corpo à Terra, no Parque Municipal
1970 - Curitiba PR - Situações Mínimas, no MAC/PR
1970 - Nova York (Estados Unidos) - Information, no MoMA
1970 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão de Verão, no MAM/RJ
1971 - Mayaguez (Porto Rico) - Creatión, na Universidad de Mayaguez
1972 - Curitiba PR - Quatro Encontros de Arte Moderna, no MAC/PR
1973 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Brasileira Contemporânea, no Centro de Arte y Comunicación
1973 - Campinas SP - 9º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1973 - Paris (França) - Coletiva, no Musée Gallièra
1973 - Rio de Janeiro RJ - Indagação sobre a Natureza: significado e função da obra de arte, na Galeria Ibeu Copacabana
1973 - São Paulo SP - Expo-Projeção 73, no Espaço Grife
1974 - Campinas SP - 9º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1974 - São Paulo SP - 8ª Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1974 - São Paulo SP - Prospectiva 74, no MAC/USP
1975 - Lisboa (Portugal) - Desenho Brasileiro, na Fundação Calouste Gulbenkian
1975 - Lisboa (Portugal) - Dois Encontros Internacionais de Arte, no Palácio dos Coruchéus
1975 - Viana do Castelo (Portugal) - Dois Encontros Internacionais de Arte
1975 - Viena (Áustria) - Desenho Brasileiro, no Museu Albertina
1976 - Lansing (Estados Unidos) - Modern Art in Brazil, no Kresge Art Museum
1976 - Londres (Inglaterra) - Arte de Sistemas/América Latina, no Institute of Contemporary Art
1976 - Michigan (Estados Unidos) - Modern Art in Brazil, na Kresge Art Gallery, na Michigan State University
1976 - Paris (França) - Arte de Sistemas/América Latina, no Espace Cairn
1976 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Arte Agora: Brasil, no MAM/RJ
1977 - Antuérpia (Bélgica) - Arte Postal, no ICC
1977 - Edewecht (Alemanha) - Youths, na Realschule
1977 - Gent (Bélgica) - Text, Sound and Image, Small Press Festival, no Prokazwart Zall
1977 - Lansing (Estados Unidos) - Arte Postal, no Kresge Art Museum
1977 - Madri (Espanha) - Exposição no Museo de Bellas Artes
1977 - Paris (França) - Arte Postal, no Espace Cairn
1977 - Paris (França) - Edições e Comunicações Marginais da América Latina, na Maison de la Culture du Havre
1977 - Rio de Janeiro RJ - Identification of Artist - a book, na EAV/Parque Lage
1977 - São Paulo SP - Poéticas Visuais, no MAC/USP
1978 - São Paulo SP - Anna Bella Geiger e Artur A. Barrio, na Pinacoteca do Estado
1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap
1979 - Paris (França) - Lectures, no Espace Cairn
1979 - Paris (França) - Mail Art, na Galerie Diagonale
1980 - Milão (Itália) - Quasi Cinema
1981 - Amsterdã (Holanda) - Mail-Art: expressions, na Fundação Makkon
1981 - Paris (França) - Grand Dieu, Épargnons cela à Notre Pays, no Espace Cairn
1981 - Paris (França) - Livres d'Artiste, no Centre Georges Pompidou
1981 - Rio de Janeiro RJ - Quase Cinema, na MAM/RJ
1981 - São Paulo SP - 16ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Rio de Janeiro RJ - Contemporaneidade: homenagem a Mário Pedrosa, no MAM/RJ
1982 - Rio de Janeiro RJ - Entre a Mancha e a Figura, no MAM/RJ
1983 - Rio de Janeiro RJ - 3000 Metros Cúbicos, no Espaço Cultural Sérgio Porto
1983 - São Paulo SP - 17ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1983 - São Paulo SP - Arte na Rua
1984 - Rio de Janeiro RJ - Intervenções no Espaço Urbano, na Funarte
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubrind: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, na Funarte
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - Arte Novos Meios/Multimeios: Brasil 70/80, no MAB/Faap
1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro e Artista no Brasil, no CCSP
1986 - Porto Alegre RS - Coleção Rubem Knijnik: arte brasileira anos 60/70/80, no Margs
1986 - Rio e Janeiro RJ - Depoimento de uma Geração: 1969-70, na Galeria de Arte Banerj
1987 - Amsterdã (Holanda) - Autobiografische Notities, na Gallerij Klove
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1988 - Rio de Janeiro RJ - Expressão e Conceito Anos 70, na Galeria Gilberto Chateaubriand
1988 - Rio de Janeiro RJ - O Eterno é Efêmero, na Petite Galerie
1989 - Rio de Janeiro RJ - Rio Hoje, no MAM/RJ
1989 - São Paulo SP - O Pequeno Infinito e o Grande Circunscrito, na Arco Arte Contemporânea Galeria Bruno Musatti
1991 - Rio de Janeiro RJ - Imagem sobre Imagem, no Espaço Cultural Sérgio Porto
1992 - Paris (França) - Filmes, Vídeos sobre Artistas, no Centre Georges Pompidou
1992 - São Paulo SP - Anos 60/70: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - Brasília DF - Um Olhar sobre Joseph Beuys, na Fundação Athos Bulcão
1993 - Florença (Itália) - Brasil Segni d'Arte, na Biblioteca Nationale Centrale di Firenze
1993 - Milão (Itália) - Brasil Segni d'Arte, na Biblioteca Nazionale Braidense
1993 - Rio de Janeiro RJ - Arte Erótica, no MAM/RJ
1993 - Roma (Itália) - Brasil Segni d'Arte, no Centro de Estudos Brasileiros
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - Veneza (Itália) - Brasil Segni d'Arte, na Fondazione Scientífica Querini Stampalia
1994 - Belo Horizonte MG - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70
1994 - Colônia (Alemanha) - Desenho Brasileiro, na Karmelita Kunsthaus
1994 - Penápolis SP - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, na Galeria Itaú Cultural
1994 - Rio de Janeiro RJ - As Potências do Orgânico, no Museus Castro Maya. Museu do Açude
1994 - Rio de Janeiro RJ - Livro-Objeto: a fronteira dos vazios, no CCBB
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1994 - Rio de Janeiro RJ - Trincheiras: arte e política no Brasil, no MAM/RJ
1994 - Rio de Janeiro RJ - Via Fax, no Museu do Telephone
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, no Itaú Cultural
1995 - Belo Horizonte MG - Libertinos/Libertários, no Centro Cultural UFMG
1995 - Rio de Janeiro RJ - Libertinos/Libertários, na Funarte
1995 - São Paulo SP - Livro-Objeto: a fronteira dos vazios, no MAM/SP
1996 - Belo Horizonte MG - Impressões Itinerantes, no Palácio das Artes
1996 - Brasília DF - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, na Itaú Galeria
1996 - Rio de Janeiro RJ - Mensa/Mensae, no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/Funarte
1996 - Rio de Janeiro RJ - O Grito, no MNBA
1996 - São Paulo SP - 23ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1997 - Little Rock (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Arkansas Art Center
1997 - Nova York (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Museo del Barrio
1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - Porto Alegre RS - Vertente Política, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul
1997 - Rio de Janeiro RJ - Arte Cinema: anos 60/70, no CCBB
1997 - Rio de Janeiro RJ - Há Sopa, com Tunga, no Paço Imperial
1997 - São Paulo SP - Além da Forma/No Limite da Forma, na Casa das Rosas
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Austin (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, na Archer M. Huntington Art Gallery
1998 - Barcelona (Espanha) - Out of Actions Between Performance and the Object: 1949-1979, no Museu d'Art Contemporani
1998 - Barcelona (Espanha) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Museum d'Art Contemporani
1998 - Caracas (Venezuela) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Museo de Bellas Artes
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Los Angeles (Estados Unidos) - Out of Actions Between Performance and the Object: 1949-1979, no The Museum of Contemporary Art
1998 - Los Angeles (Estados Unidos) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Museum of Contemporary Art
1998 - Minnesota (Estados Unidos) - Studies in Latin American Contemporary Culture, na University of Minnesota
1998 - Monterrey (México) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Museo de Arte Contemporáneo
1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, no MAC/Niterói
1998 - Niterói RJ - Ocupações Descobrimentos, com Antonio Manuel, no MAC/Niterói
1998 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Artes Plásticas, na Funarte
1998 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1998 - Rio de Janeiro RJ - Anos 60/70: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1998 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos: Cildo Meireles, Artur Barrio e Luiz Fonseca, no Paço Imperial
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Hélio Oiticica e a Cena Americana, no Centro de Arte Hélio Oiticica
1998 - Rio de Janeiro RJ - Poéticas da Cor, no Centro Cultural Light
1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1998 - São Paulo SP - Afinidades Eletivas I: o olhar do colecionador, na Casa das Rosas
1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1998 - São Paulo SP - Canibáliafetiva, n'A Estufa
1998 - São Paulo SP - Fronteiras, no Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1998 - São Paulo SP - Teoria dos Valores, no MAM/SP
1998 - Viena (Áustria) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no National Museum of Art - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Austrian Museum of Applied Arts
1999 - Miami (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Miami Art Museum
1999 - Nova York (Estados Unidos) - Beyond Identities: Global Conceptualism: Local Contexts, mostra itinerante organizada pelo Queens Museum of Art
1999 - Porto (Portugal) - Circa 1968, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves
1999 - Rio de Janeiro RJ - Cotidiano/Arte. O Objeto - Anos 60/90, no MAM/RJ
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Objeto - Anos 60/90, no Itaú Cultural
1999 - Tóquio (Japão) - Out of Actions Between Performance and the Object: 1949-1979, no Hara Museum of Contemporary Art
1999 - Tóquio e Osaka (Japão) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Hara Museum of Contemporary Art
2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma
2000 - Kwangju (Coréia do Sul) - Bienal de Kwangju
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, na Fundação Calouste Gulbenkian
2000 - Madri (Espanha) - Versiones del Sur: Cinco Propuestas en Torno a la Arte en América, no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia
2000 - Niterói RJ - Coleção Sattamini: dos materiais às diferenças internas, no MAC de Niterói
2000 - Rio de Janeiro RJ - Situações: arte brasileira - anos 70, na Casa França-Brasil
2000 - Santa Vitória do Palmar e Chuí RS - Fronteiras - instalação de obra
2000 - São Paulo SP - Arte Conceitual e Conceitualismos: anos 70 no acervo do MAC/USP, na Galeria de Arte do Sesi
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Contemporânea, na Fundação Bienal
2001 - Belo Horizonte MG - Do Corpo à Terra: um marco radical na arte brasileira, no Itaú Cultural
2001 - Campinas SP - (quase) Efêmera Arte, no Itaú Cultural
2001 - Paris (França) - Da Adversidade Vivemos, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
2001 - Porto Alegre RS - Coleção Liba e Rubem Knijnik: arte brasileira contemporânea, no MARGS
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 27º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/SP
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Kassel (Alemanha) - 11ª Documenta, no Museum Fridericianum
2002 - Londres (Reino Unido) - Vivências: dialogues between the works of Brazilian artists from the 1960s to 2002, no New Art Gallery Walsall
2002 - Niterói RJ - A Recente Coleção do MAC, no
2002 - Niterói RJ - Acervo em Papel, no MAC/Niterói
2002 - Niterói RJ - Coleção Sattamini: esculturas e objetos, no MAC/Niterói
2002 - Niterói RJ - Diálogo, Antagonismo e Replicação na Coleção Sattamini no MAC/Niterói
2002 - Porto Alegre RS - Violência e Paixão, no Santander Cultural
2002 - Rio de Janeiro RJ - Artefoto, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - Entre a Imagem e a Palavra: módulo 2, na Sala MAM-Cittá América
2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2002 - Rio de Janeiro RJ - Morro/Labirinto, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - 1º Mostra Rio Arte Contemporânea, no MAM/RJ
2002 - Rio de Janeiro RJ - 27º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/RJ
2002 - Salvador BA - 27º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/BA
2002 - São Paulo SP - A Forma e a Imagem Técnica na Arte do Rio de Janeiro: 1950-1975, no Paço das Artes
2002 - São Paulo SP - Mapa do Agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Instituto Tomie Ohtake
2002 - São Paulo SP - Paralela, no Galpão localizado na Avenida Matarazzo, 530
2003 - Brasília DF - Artefoto, no CCBB
2003 - Niterói RJ - Apropriações: Curto-Circuito de Experiências Participativas, no MAC/Niterói
2003 - Porto Alegre RS - Mostra Transversal, no Memorial do Rio Grande do Sul
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Diálogo, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Desenho Anos 70, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, no Almacén Galeria de Arte
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - A Subversão dos Meios, no Itaú Cultural
2003 - São Paulo SP - Acervo 2003 / 2004, na Galeria Luisa Strina
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - Galeria Luisa Strina: artistas representados, na Galeria Luisa Strina
2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP
2004 - Rio de Janeiro RJ - 30 Artistas, no Mercedes Viegas Escritório de Arte
2004 - Rio de Janeiro RJ - Arte Contemporânea Brasileira nas Coleções do Rio, no MAM/SP
2004 - Rio de Janeiro RJ - Novas Aquisições 2003: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
2004 - Rio de Janeiro RJ - Tudo é Brasil, no Paço Imperial
2004 - São Paulo SP - 26º Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
2004 - São Paulo SP - Tudo é Brasil, no Itaú Cultural
2005 - Londres (Reino Unido) - Citizens, no Pitzhanger Manor Museum
Fonte: Itaú Cultural